Aos 33 anos, Carla descobriu que sofria de insuficiência renal e que precisaria de um transplante para sobreviver. Nove anos depois, quando finalmente se preparava para receber o rim que tanto esperava, o destino pregou-lhe mais uma partida.
Carla Pires é o verdadeiro retrato da força e da resiliência. Há quase uma década, viu a sua vida mudar por completo quando descobriu que os rins tinham deixado de funcionar. “Senti a minha vida por um fio”, recorda. Desde então, depende de uma máquina de hemodiálise para viver — um processo que realiza três vezes por semana.
Durante anos, aguardou ansiosamente por um transplante renal. O irmão chegou a oferecer-se como dador compatível, mas a vida voltou a pregar-lhe uma partida. Primeiro, porque engravidou, e a operação teve de ser adiada. Depois, porque o irmão desenvolveu hipertensão e deixou de poder doar o rim. Ainda assim, Carla manteve a esperança.
Em 2024, quando tudo parecia finalmente encaminhar-se para o tão aguardado transplante, recebeu uma notícia devastadora: tinha cancro da mama, com metástases na axila. “Pensei que ia morrer e deixar o meu filho”, confessa emocionada.
A luta contra o cancro começou em janeiro. Carla enfrentou quimioterapia, radioterapia e, em junho, foi submetida a uma mastectomia com reconstrução mamária. “O momento mais difícil foi quando perdi o cabelo. Custou-me olhar ao espelho”, desabafa. Foi o filho, Rodrigo, quem lhe deu coragem: “Ele dizia-me para tirar o lenço e mostrar que continuava bonita.”
Enquanto lutava contra o cancro, Carla nunca parou os tratamentos de hemodiálise. “O corpo estava fraco, mas a vontade de viver era mais forte.” Agora, com o cancro ultrapassado, terá de esperar cinco anos para voltar à lista de dadores e poder receber um rim.
Apesar da incerteza, Carla não perde a esperança. Hoje, dedica cada dia ao filho e à família, com a serenidade de quem sabe que a vida, mesmo frágil, vale a pena ser vivida. “Já chorei muito, já me revoltei, mas agora só quero aproveitar o tempo que tenho e agradecer por ainda estar aqui.”