Quando o amor é verdadeiro, nada o detém. E esta história é a evidência perfeita.
Quando Paula sofreu o primeiro AVC, Bento sentiu o mundo a desabar. Foram três em apenas um ano. A mulher com quem partilhava a vida há 30 anos ficou subitamente sem fala, sem mobilidade, sem respostas do corpo que conhecia tão bem. A única coisa que Bento soube fazer foi amar ainda mais. «Tive medo de a perder», confessou, com os olhos em lágrimas. Mas fez uma promessa: se ela sobrevivesse, iria a pé até Fátima. Cumpriu-a. Partiu de Bucelas e percorreu quilómetros de fé, desespero e amor.
Paula acordou do coma e enfrentou a dolorosa realidade de um corpo que já não reagia da mesma forma. O lado direito estava paralisado, a fala ausente, os movimentos descoordenados. Mas não desistiu. «Ou faço isto ou me entrego a isto», diz com a determinação de quem sabe o peso de cada passo que voltou a dar. Recuperou a capacidade de andar e, mesmo após o terceiro AVC, continuou a lutar todos os dias para se reinventar.
Bento também teve de reaprender a viver. «Nem sabia ligar o micro-ondas ou estrelar um ovo», contou, sorrindo com humildade. Aprendeu tudo. Hoje faz tudo em casa, com amor, com entrega, com um olhar que, como diz Cláudio Ramos, é o de “«parece acabado de se apaixonar». Mas não é aparência, é verdade. «Não é como se estivesse apaixonado. Eu estou», respondeu Bento, num daqueles momentos em que o amor se torna visível para todos.
A história de Paula e Bento emocionou Cristina Ferreira e Cláudio Ramos. Visivelmente emocionado, Cláudio disse: «Estou muito emocionado com isto, não há nada que mais me seduza que histórias de amor. Isto é uma história de amor gigante».
O casal, que vive com simplicidade, fé e uma entrega rara, mostrou que o amor verdadeiro não se apaga com a adversidade. «Vai, mas falta-lhe uma parte», disse Cristina sobre Bento sair sozinho. E é isso mesmo. Onde um vai, o outro continua a estar. Nem que seja no pensamento, na fé, no cuidado.
Esta não é apenas uma história de superação. É uma história de amor gigante, como descreveu Cláudio. Daquelas que nos fazem acreditar que, apesar de tudo, ainda há promessas que se cumprem e amores que resistem a tudo, até à dor.