No «Dois às 10», ouvimos o forte e doloroso testemunho de Mónica Lourenço que é vítima de violência doméstica e, mesmo após queixas, vê o seu agressor a circular em liberdade.
«Um dia destes mato-te e fico com tudo o que é teu, era o que ele me verbalizava todos os dias» recorda Mónica Lourenço, que vive o inferno da violência doméstica há mais de uma década. «Estou a ser castigada por um crime que não cometi» continua, ao revelar: «A nossa liberdade foi-nos tirada, eu pergunto até quando. Já são 14 anos que eu sou mãe, pai e cuidadora dela».
Quando a filha Maria tinha apenas 6 meses, Mónica Lourenço, foi agredida pela primeira vez pelo companheiro e pai da sua filha. A partir daí, as agressões foram aumentando, chegando inclusive o agressor a tentar matá-la. «Tentou matar-me à facada à frente da Maria» declara, explicando que após o companheiro ter sido apanhado em flagrante pela PSP enquanto agredia e pontapeava Mónica, foi apenas condenado a 2 anos e 4 meses de pena suspensa. A violência continuou e levou a um novo processo com a sentença de 6 meses de pena suspensa.
A amiga de Mónica, Ana Rodrigues, junta-se à conversa e revela não ter ideia do pesadelo que Mónica vivia: «Ela escondeu muito bem até ao episódio da violência física». O stress causado por toda esta situação de terror que experienciava, levou Mónica a desenvolver uma alopecia nervosa, algo que também a filha, com agora 14 anos, está a começar a desenvolver também.
«A menina assistiu a toda essa violência» explica Mónica ao revelar os efeitos que toda esta situação está a causar na sua filha, Maria. «Ela teve uma crise de epilepsia quando ele começou a atacar-me», revela.
Ao explicar que perdoou o agora ex-companheiro, Mónica causou espanto em Maria Botelho Moiz que reagiu: «Como é que se perdoa alguém que quando a Mónica chega a casa com a vossa filha nos braços, tem em cima da mesa facas e todo um arsenal preparado para a matar e ao entrar em casa a sua filha tem uma convulsão tal é o choque que apanha e a mãe tem de a deitar no chão, sem saber o que lhe vai acontecer, para se defender de um homem que literalmente a está a tentar matar. Como é que se perdoa uma coisa destas?», acrescentando ainda: «Como é que se perdoa a justiça de um país que depois de um episódio desses, deixa que esse homem esteja em liberdade sem nada lhe acontecer?».
Assista aos vídeos desta conversa imperdível.