Incêndios em Portugal – Setembro de 2024 marcado pela perda de três bombeiros em Tábua
Todos os anos, Portugal enfrenta o flagelo dos incêndios, com as regiões do norte e centro a serem especialmente afectadas. Contudo, setembro de 2024 revelou-se especialmente trágico, marcando um dos episódios mais dolorosos e devastadores dos últimos anos. As chamas consumiram milhares de hectares, e o horror tomou conta da população e dos operacionais de socorro. Entre as vidas que o fogo implacável ceifou, destacam-se as de três bombeiros voluntários de Vila Nova de Oliveirinha, no concelho de Tábua: Sónia, Susana e Paulo.
Uma notícia devastadora
Na manhã de 17 de setembro, os noticiários abriram com a chocante notícia da morte destes três heróis, que pereceram enquanto combatiam um dos maiores incêndios que Portugal alguma vez enfrentou. Sónia, Susana e Paulo eram voluntários, movidos pelo altruísmo e pela missão de proteger o próximo, mas acabaram por sucumbir ao inimaginável poder destruidor das chamas. Emocionados, familiares e amigos recordam agora os momentos finais e a memória dos seus entes queridos, dando voz a uma dor que ecoa por todo o país.
A dor de uma mãe e de um namorado: as palavras de Maria Gracinda e Francisco
Maria Gracinda, mãe de Sónia, relembra com lágrimas a última vez que viu a filha. Numa revelação comovente, partilha como pressentiu a tragédia iminente e decidiu ir à corporação de bombeiros em busca de notícias. No local, foi informada pela filha Estela, através de uma chamada telefónica, que Sónia, Paulo e Susana haviam falecido. A devastação que sentiu naquele momento foi, segundo Maria Gracinda, indescritível. «Queria tanto vestir-lhe um vestidinho», desabafa, referindo-se ao desejo de se despedir da filha com dignidade. Contudo, as chamas tinham consumido tudo, restando apenas «uns ossinhos». Para Maria Gracinda, a paz encontra-se agora no local da tragédia, onde reza e se sente mais próxima da filha do que no cemitério.
Francisco, o namorado de Sónia, recorda o amor e o futuro que ambos planeavam juntos. Com a voz embargada pela dor, revela que o casamento estava marcado para o verão de 2025, um sonho que jamais se realizará. Francisco descreve ainda os momentos de pânico, quando o fogo virou inesperadamente, obrigando todos os operacionais a fugir. Ele e outros chamaram por Sónia, Paulo e Susana, mas o silêncio foi a resposta que obtiveram. Um dos sobreviventes encontrou os três bombeiros já sem vida, e Francisco, incapaz de enfrentar o local, optou por manter a memória dos momentos felizes ao lado de Sónia.
Portugal amanheceu de luto: