Os irmãos de Madeleine McCann, Amelie e Sean, revelaram em tribunal que viveram momentos de grande angústia e medo devido ao comportamento “assustador” de uma jovem que alega ser a irmã desaparecida.
Madeleine McCann desapareceu em 2007, durante umas férias em Portugal, quando tinha apenas três anos. Décadas depois, o nome da menina volta a ser manchete — desta vez, devido ao julgamento de Julia Wandelt, uma jovem polaca acusada de perseguir a família McCann numa campanha de assédio que durou mais de dois anos.
De acordo com o jornal The Guardian, os gémeos Amelie e Sean McCann, irmãos de Madeleine, descreveram as interações com Wandelt como “profundamente perturbadoras”. Em tribunal, Amelie contou que a jovem a contactou repetidamente através de várias redes sociais e até lhe enviou cartas para casa.
Nas mensagens lidas durante a sessão, Wandelt afirmava ter recuperado memórias “sob hipnose”, nas quais se via dentro da casa dos McCann. “É perturbador ela inventar essas recordações e tentar brincar com as minhas emoções”, confessou Amelie. “No fundo, sabia que não era a Madeleine, mas sentia culpa por ela parecer tão desesperada em estabelecer contacto.”
O tribunal ouviu ainda que Wandelt terá criado imagens manipuladas de si própria e de Amelie enquanto crianças — algumas geradas com recurso a ferramentas de inteligência artificial, como o ChatGPT —, tentando provar que eram a mesma pessoa. “Foi muito desconfortável”, admitiu Amelie. “Percebia que as fotos estavam alteradas e isso deixou-me em choque.”
Sean McCann, por sua vez, disse que, embora não tenha sido diretamente tão afetado, ficou “profundamente perturbado” com a atenção mediática que o caso gerou e com os comentários “cruéis e injustos” dirigidos aos pais. “Se ela sabe que não é Madeleine e ainda assim faz estas alegações, isso é devastador para nós”, afirmou.
Julia Wandelt e a sua coarguida, Karen Spragg, de 61 anos, negam as acusações de perseguição.