Festa é festa

Florinda Jesus

Ana Brito e Cunha

Na casa dos 50, é mulher de Albino e mãe de Carlos. É uma beata, catequista, uma mulher muito tradicional e conservadora. É natural da aldeia, sempre foi muito agarrada aos pais e à família, no geral. Contudo, é uma mulher minimamente instruída, mais até do que o seu marido. É uma mulher sem mundo e a sua vida resume-se a Deus, à família e à vida de aldeia. Não tem grandes ambições, vivendo bem com aquilo que tem. Dá graças a Deus, todos os dias, por ter o essencial. O seu grande orgulho é o filho, embora não seja uma mãe calorosa. Pelo contrário, é muito exigente com Carlos. Quer fazer dele um homem com valores, trabalhador e, acima de tudo, um bom ser humano, crente a Deus. Dá-se conta que o filho já é um homem e não há maneira de demonstrar interesse em arranjar mulher e ter, ele próprio, uma família, mas não vive obcecada com isso, ao contrário do pai, Albino. É empregada na casa de Corcovada e cuida dela. Mais do que um trabalho, Florinda cuida e preocupa-se genuinamente com a idosa, o que a fará ter um conflito permanente com o marido, que só vê em Corcovada um meio para ficar endinheirado. Casou virgem. Albino foi o seu único homem até hoje. Mas acontece que Florinda vive atormentada com o seu “grande pecado” de toda a vida: ter uma paixão platónica pelo Padre Isidro, desde os tempos em que ele ainda não era padre. Ou seja, desde criança. Talvez por isso, e pela natureza em si, Florinda seja uma mulher totalmente assexuada, sem líbido, sofrendo com isso. Ela e Albino... naturalmente.