Isabel Galriça Neto, médica especializada em cuidados paliativos há 30 anos e defensora dedicada desta causa em Portugal, enfrenta agora a realidade oncológica na primeira pessoa. Diagnosticada com cancro da mama em fevereiro de 2024, Isabel partilha o seu percurso de luta e resiliência para sensibilizar e ajudar outros doentes oncológicos.
Isabel Galriça Neto, reconhecida em Portugal pela sua dedicação aos cuidados paliativos ao longo de três décadas, atravessa um momento de vida difícil, agora na posição de doente oncológica. Diagnosticada com cancro da mama em fevereiro de 2024, a médica partilha a sua experiência para sensibilizar e educar sobre a importância da prevenção e da resiliência na jornada de recuperação do cancro. Apesar de ser da ciência, é também uma mulher de fé. Confessa que nunca se revoltou com Deus e utiliza muito a frase: "Deus é o meu cajado".
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Diagnóstico: Uma Revelação Inesperada
No início de 2024, confirmou o diagnóstico de um tumor maligno de mama triplo negativo — uma forma particularmente agressiva de cancro. "Percebi logo que era um cancro muito agressivo", admite Isabel, revelando a sua compreensão profissional do desafio que enfrentava.
Uma Jornada de Tratamentos Intensivos
Após o diagnóstico, Isabel começou de imediato um plano de tratamentos rigoroso e abrangente, passando por sessões de quimioterapia e imunoterapia. Realizou também uma cirurgia à mama direita, necessária para remover o tumor. Mesmo sendo tratada no hospital onde trabalha e coordena a Unidade de Cuidados Paliativos, Isabel confessa que viver na condição de paciente trouxe uma nova perspetiva à sua experiência profissional e humana.
Neste momento, a médica encontra-se em fase de radioterapia e mantém o tratamento de imunoterapia, com o objetivo de prevenir uma possível reincidência do tumor.
Testemunho na Dupla Condição: Médica e Doente
Isabel Galriça Neto procura usar a sua experiência para inspirar e informar, destacando a importância de se dar voz aos pacientes e de humanizar os cuidados médicos. Na "pele" de uma doente oncológica, Isabel oferece um testemunho que transcende a sua prática clínica, ao mostrar que o enfrentamento do cancro exige não apenas suporte médico, mas também apoio emocional, quer dos familiares, quer da própria equipa de saúde.