A viver numa aldeia, Miguel Esteves Cardoso comenta: «As pessoas tratam-me como se fosse uma pessoa normal»

  • Goucha
  • 30 nov 2024, 08:46

Miguel Esteves Cardoso, um dos mais destacados escritores e cronistas portugueses, abriu as portas da sua casa para uma conversa sobre a vida, o amor e a escrita. Na companhia da mulher, Maria João, com quem partilha a vida há décadas, Miguel fala com paixão da terra onde vive e do prazer de fazer parte de uma aldeia.

Miguel Esteves Cardoso, um dos mais destacados escritores e cronistas portugueses, abriu as portas da sua casa para uma conversa sobre a vida, o amor e a escrita. 

A paixão pela escrita

Com a mesma serenidade com que fala da vida no campo, Miguel reflete sobre a escrita, a sua grande paixão e profissão. “Escrever é muito fácil. Uma pessoa que fala, escreve”, diz com um sorriso. Para ele, o processo criativo é algo natural e indispensável e essencial deixar um legado escrito, que nunca será esquecido. Na companhia da mulher, Maria João, com quem partilha a vida há décadas, Miguel Esteves Cardoso fala com paixão da terra onde vive e do prazer de fazer parte de uma aldeia e da naturalidade de como os vizinhos o tratam: "As pessoas tratam-me mal, como se fosse uma pessoa normal e isso é muito importante. É uma honra ser tratado como um deles".

A importância de escrever

Miguel Esteves Cardoso acredita que escrever é uma forma poderosa de combater a solidão. “Todas as formas de escrita têm graça”, afirma, valorizando desde as cartas mais simples aos textos literários mais elaborados.

Para o escritor, é uma tragédia morrer sem deixar nada escrito. “Os poetas estão a morrer sem deixar nada escrito. É uma perda irreparável.” O autor encoraja todos a escreverem, independentemente do formato ou tema. “Escrevam. Se uma pessoa sabe falar, sabe escrever. Tem de se perder o medo do ridículo.”

O Prazer da Leitura

O autor também é um leitor voraz e apaixonado, algo que considera inseparável do seu trabalho como escritor. “O que interessa é ler, não o livro que se lê”, defende, enfatizando que o essencial é o ato de leitura em si, e não o título ou género literário escolhido.

Miguel tem o hábito de sublinhar tudo o que lê. “O sublinhar faz-me lembrar”, explica, uma prática que o ajuda a mergulhar nas ideias e a processá-las de forma mais profunda.

O Amor e a Vida a Dois

Na conversa, Miguel Esteves Cardoso partilha ainda detalhes da sua relação com Maria João, a mulher que é o centro do seu universo. “Vivemos numa bolha que foi criada por nós”, admite, descrevendo a cumplicidade única que os une.

Para o autor, o amor que sente pela mulher só cresce com o tempo. “O meu amor é maior agora porque conheço-a melhor”, revela, numa demonstração de afeto genuíno.

Podcast e Reflexões Sobre a Vida

O casal partilha ainda um podcast, onde discute temas variados com a mesma cumplicidade que se sente na entrevista. Miguel encara a criação deste projeto com humildade e humor. “É preciso uma certa lata para fazer o que eu faço”, admite.

Sobre o passar do tempo, Miguel demonstra uma maturidade tranquila: “Desde miúdo que tenho noção que a velhice é altamente deprimente”, afirma com a frontalidade que o caracteriza, mas sem perder o encanto pela vida e pela escrita.

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