Ana Catarina Queirós nasceu em 1997, em Ovar, com Espinha Bífida, uma condição grave que exigiu cirurgia à medula com apenas 11 dias e longos meses de hospitalização. Superando todas as previsões, tornou-se independente, mas vive com a incerteza do futuro
Ana Catarina Queirós nasceu em 1997, em Ovar, e a sua chegada ao mundo trouxe um desafio inesperado para os pais, Maria de Fátima e António. Sem qualquer indicação prévia, descobriram que a filha nascera com Espinha Bífida na sua forma mais severa, uma condição neurológica que implicaria grandes limitações físicas e de saúde. Operada à medula com apenas 11 dias de vida, Ana passou o primeiro ano hospitalizada, lutando contra infeções graves e outras complicações. Contudo, contornou todas as previsões e tornou-se numa mulher independente. Apesar de tudo, admite que vive com incerteza em relação ao futuro: "Tenho crises de ansiedade por pensar que a qualquer momento posso morrer"
A Força de uma Mãe
Para Maria de Fátima, mãe de Ana, o percurso não foi fácil. Recorda o choque ao descobrir que a filha nascera com uma condição incapacitante e as dificuldades de lidar com a doença. A luta para proporcionar a Ana uma vida independente tornou-se a sua prioridade, vendo agora, com orgulho, que a filha é “tudo o que os médicos disseram que ela não seria”.
“Os Médicos Diziam que Nunca Seria Independente”
Os médicos tinham um prognóstico reservado: Ana provavelmente nunca andaria nem seria autónoma. Mas, contra todas as previsões, ela contrariou essas limitações. Com o apoio da família e uma força de vontade notável, foi acompanhada no Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão, onde aprendeu a usar um andarilho, ganhando uma independência que parecia impossível.
A Adolescência Difícil: Bullying e Depressão
A adolescência trouxe novos desafios emocionais. Durante a escolaridade, Ana foi vítima de bullying, sofrendo agressões verbais e físicas que marcaram profundamente a sua autoestima. Contudo, ultrapassou as dificuldades e mostrou a todos que consegue fazer o mesmo.
Uma Mulher Independente e Ativa na Comunidade
Superadas as adversidades da adolescência, Ana tornou-se uma mulher independente e determinada. Hoje, trabalha como assistente administrativa na Junta de Freguesia de Ovar e orgulha-se de ter tirado a carta de condução. “Trabalho, tirei a carta, namoro e sei que sou capaz de tudo”, afirma com confiança. Ana também lançou uma petição para melhorar as acessibilidades, uma causa pela qual luta para garantir maior inclusão para todos.
Um Legado de Esperança: “Passagem a Borboleta”
A sua história inspiradora deu origem ao livro Passagem a Borboleta, onde Ana conta as suas experiências de vida, desde o nascimento até à superação dos desafios. O livro é um testemunho de resiliência, através do qual Ana espera inspirar outras pessoas com limitações físicas a acreditarem na sua força e potencial.