Patriarca de Lisboa reitera pedido de perdão sobre abusos sexuais: "Tristeza, vergonha e arrependimento não podem faltar neste momento" - TVI

Patriarca de Lisboa reitera pedido de perdão sobre abusos sexuais: "Tristeza, vergonha e arrependimento não podem faltar neste momento"

  • Agência Lusa
  • CF
  • 22 fev 2023, 20:24
Cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente

Bispos portugueses dizem-se "carregados de vergonha" e pedem perdão a todas as vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica, expressando "solidariedade e acolhimento"

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O cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, reiterou esta quarta-feira o pedido de perdão da Igreja Católica portuguesa após ter sido divulgado o relatório sobre os abusos sexuais, dizendo que é “um misto de tristeza e de esperança”.

“Reiteramos o pedido de perdão, a nossa solidariedade total e o compromisso para ajudar no presente e prevenir no futuro”, disse o cardeal-patriarca numa mensagem quaresmal, na cerimónia da Quarta-Feira de Cinzas, na Sé de Lisboa.

Manuel Clemente demonstrou tristeza pelos atos cometidos pela Igreja e “por quem sofreu” e que “nunca devia ter sofrido”.

“Tristeza, vergonha, arrependimento não podem faltar neste momento”, salientou, reforçando que a Igreja deve “tentar aliviar o que possa ser aliviado para quem sofreu na altura e ainda sofra hoje”.

Bispos portugueses lamentam "crimes hediondos" que "não têm lugar na Igreja"

O tema dos abusos sexuais no seio da Igreja Católica marca esta quarta-feira algumas mensagens quaresmais já conhecidas de bispos portugueses, com o bispo de Viseu a referir-se a “crimes hediondos” e o prelado de Coimbra a manifestar solidariedade às vítimas.

António Luciano, bispo de Viseu, recordou os “crimes hediondos” dos abusos sexuais de menores, defendendo que este seja um tempo para pedir perdão a todas as vítimas.

“Façamos desta Quaresma um autêntico tempo de conversão interior para pedirmos, carregados de vergonha, perdão a todas as vítimas de abusos sexuais de crianças na Igreja Católica em Portugal”, escreveu, acrescentando: “condenemos tais atos como crimes hediondos, que tanto fazem sofrer as vítimas, as famílias e a Igreja. Rezemos para que mais ninguém seja vítima destes abusos”, acrescenta o responsável católico.

O bispo de Coimbra, Virgílio Antunes, na mensagem dirigida aos diocesanos, expressou “solidariedade” e o pedido de perdão às vítimas de abusos sexuais, assegurando que a diocese “tudo fará” para que estas situações “não tenham lugar na Igreja”.

“Pedimos perdão a todas e a cada uma das vítimas, na esperança de que acolham a verdade dos nossos sentimentos; garantimos-lhes a nossa solidariedade e acolhimento, como contributo para ajudar a reparar os danos humanos, morais, e espirituais que persistem nas suas vidas; asseguramos que tudo faremos para que não tenham lugar na Igreja os abusos que agora conhecemos”, escreveu Virgílio Antunes na sua mensagem para a Quaresma, citada pela agência Ecclesia.

Virgílio Antunes vai mais longe e questiona: “como transmitir a fé a todos quando entramos na Quaresma marcados pela vergonha e pela dor dos abusos sexuais cometidos contra crianças no seio da nossa Igreja?”.

O bispo do Algarve, Manuel Quintas, defende que o relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa, divulgado na semana passada, “constitui um veemente apelo à conversão”.

Para o responsável da diocese do Algarve, “ninguém pode abafar ou ignorar este grito. Trata-se de uma realidade inqualificável”.

Também o bispo de Vila Real, António Augusto Azevedo, considera que a Igreja faz o caminho quaresmal “com o coração carregado de dor e tristeza por causa das notícias dos graves abusos cometidos contra crianças”.

O bispo do Porto, Manuel Linda, alerta que “a recente publicação do relatório sobre o abuso sexual no seio da Igreja Católica veio demonstrar uma tristíssima realidade: a de que alguns padres e leigos pastoralmente empenhados cometeram crimes repugnantes, causaram imenso sofrimento às vítimas e, com o seu pecado, mancharam a face da Igreja e desacreditaram-na perante algumas parcelas da sociedade”.

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