A cair como uma folha de papel: o que se sabe sobre o maior acidente aéreo dos últimos 17 anos no Brasil - TVI

A cair como uma folha de papel: o que se sabe sobre o maior acidente aéreo dos últimos 17 anos no Brasil

Já foram encontradas as caixas negras da aeronave, que caiu no quintal de dois idosos. As explicações, essas, ainda são escassas

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Uma cena terrível e três corpos ejetados do avião antes de o aparelho cair com estrondo no solo, provocando um dos 10 maiores acidentes da história da aviação brasileira. Foi assim que um adolescente relatou, à Folha de São Paulo, a queda do voo 2283, onde estavam 61 pessoas, que caiu a pique cinco mil metros em apenas dois minutos quando estava a oito minutos do seu destino, em São Paulo.

Assim que ouviu o “terrível” barulho do avião, o jovem acorreu à casa onde viviam dois idosos, e cujo quintal foi o fim da trágica queda. É lá que estão dezenas de corpos – os 57 passageiros e os quatro tripulantes morreram – e um cenário de caos autêntico. A companhia aérea Voepass, que estava a operar o voo, inicialmente indicou que seriam 62 pessoas a bordo, corrigindo os números mais tarde. Com efeito, um homem contou à Globo que ele e outros 10 passageiros acabaram por não embarcar no avião numa história de sorte.

Esse mesmo barulho terrível fez com que inúmeras pessoas se apercebessem que algo não estava bem nos céus de Vinhedo, o que fez com que muitas delas tivesse puxado do telemóvel para gravar o momento em que o avião caiu que nem uma folha de papel, antes de uma explosão final no solo.

Ainda não se sabe ao certo o que causou a queda do avião que tinha partido poucas horas antes de Cascavel, no Paraná, mas as caixas negras – uma já foi encontrada – vão ajudar a saber mais. Para já uma das explicações que ganha força é a formação de gelo nas asas do ATR-72-500, até porque foi emitido um aviso meteorológico para a zona precisamente naquela altura.

“Eu ouvi um grande barulho, muito perto de mim. Pensava que era um drone. Olhei para o céu e vi o avião a girar”, contou Nathalie Cicari à CNN Brasil, que pouco depois viu uma enorme coluna de fumo negro a sair do local do impacto.

Mapa do acidente de avião

“A forma como caiu – eu corri para fora de casa e fui ver onde tinha caído e vi que caiu numa casa de um casal idoso. Conhecemo-los da igreja. Aí fiquei aterrorizado e sem saber o que fazer”, disse Felipe Magalhães à agência Reuters, a quem garantiu que só queria certificar-se de que o casal – o tal que já tinha sido socorrido pelo adolescente – estava bem.

A reação do governo brasileiro até foi das primeiras. O presidente Lula da Silva, sem que até então tivesse havido informação oficial, indicava prontamente que todos os ocupantes teriam morrido.

“Acaba de cair um avião na cidade de Vinhedo, em São Paulo, com 58 passageiros e quatro tripulantes e parece que todos morreram”, afirmou Lula da Silva, que se encontrava a discursar numa cerimónia de lançamento de uma fragata, no estado brasileiro de Santa Catarina.

Investigações em curso

No local os trabalhos fazem-se de duas formas: avaliar danos e recolher vítimas. A Força Aérea Brasileira acionou o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) para analisar a situação ao pormenor, mas ainda não tem informações concretas.

A tal hipótese de formação de gelo tem ganhado força, mas não existem informações concretas que possam dar essa como a única hipótese. As caixas negras vão ajudar a perceber melhor, mas já se sabe que não foi emitido qualquer alerta aéreo a partir do avião.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também está a acompanhar o caso, ao mesmo tempo que garante o apoio às famílias das vítimas.

A Polícia Federal também abriu uma investigação autónoma ao caso: "Serão enviados ao local especialistas em acidentes aeronáuticos, identificação de vítimas de desastres, entre outros, para auxiliar nas apurações", diz o comunicado daquela autoridade.

A companhia aérea Voespass “acionou todos os meios para apoiar os envolvidos”, sendo que “não há ainda confirmação de como ocorreu o acidente”.

Já se conhecem as vítimas

Em paralelo, várias equipas forenses trabalham para tentar começar a identificar os corpos das vítimas, sendo que o manifesto com os nomes das 61 pessoas já saiu.

Para o local foram destacadas várias equipas médicas, mas o secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, que admitiu que várias das vítimas estão demasiado queimadas para que seja possível uma identificação visual.

Análises posteriores vão também ser feitas no Instituto de Medicina Legal, sendo que só aí, através de registos dentários e outros, será possível identificar todas as vítimas.

A queda deste avião é o pior acidente de avião civil no Brasil desde 17 de junho de 2007, quando 199 pessoas morreram, de acordo com a Força Aérea Brasileira.

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