De Londres a Sydney, os dias caóticos nos aeroportos repetem-se. A crise no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, está longe de ser caso único. Tal como a TAP, outras companhias de referência enfrentam problemas para continuar a operar.
É o caso de aeroporto de Olso, na Noruega, que segundo o website Flightaware já confirmou o cancelamento de 127 voos só para esta terça-feira, uma percentagem que ronda os 20% dos voos programados de e para a cidade.
Além de 78 cancelamentos, o aeroporto internacional X’ian Xianyang, o maior do oeste da China, é o mais afetado nos atrasos, com mais de 300 voos a partirem mais tarde, numa percentagem equivalente a 35% dos voos programados. De resto, a China é mesmo o país mais afetado, com sete dos aeroportos com maiores percentagens de cancelamentos.
A situação em Oslo estende-se a Copenhaga e Estocolmo, o que catapulta a Scandinavian Airlines - SAS (multinacional operada em conjunto por Noruega, Dinamarca e Suécia) para o segundo lugar das companhias aéreas mais afetadas em todo o mundo – teve 236 voos cancelados só esta terça-feira, uma percentagem de 78% dos voos previstos, o que significa que apenas um em cada cinco voos foram realizados.
Na Europa, segue-se a KLM, companhia aérea dos Países Baixos que já enfrenta uma crise há mais tempo, e cujos atrasos no aeroporto de Amesterdão já são de várias semanas. Só esta segunda-feira já foram 33 os voos cancelados de e para aquele aeroporto.
Ainda esta segunda-feira, um passageiro deu conta da dificuldade no aeroporto de Schiphol, onde as autoridades tiveram mesmo de montar tendas improvisadas para colocarem as pessoas que estavam à espera.
Wow. Line for security @Schiphol in Amsterdam. Tents built outside cannot accommodate lines. You are seeing 60% of line. #EAU22 pic.twitter.com/HB0hCoERjS
— Arvin George (@arvinkgeorge) July 4, 2022
A situação deve prolongar-se esta terça-feira, o que já levou o próprio aeroporto a alertar para os constrangimentos, referindo inclusivamente que os passageiros devem chegar quatro horas antes dos voos, quando o tempo normal para chegar antes do voo não costuma ser superior a duas horas e meia, em voos intercontinentais.
O mesmo cenário que se verificou em Colónia, por exemplo, onde um passageiro mostrou a longa fila que teve de esperar para ser atendido.
Cologne Airport right now - this is HALF the total length of the queue pic.twitter.com/JoqH1OhgYc
— El KO Wylde 🏳️🌈🏳️⚧️ (@EKOcasts) July 4, 2022
Já em Sydney, um conjunto de falta de pessoal, férias escolares e mau tempo provocou vários atrasos, sendo que muitos passageiros chegaram ao aeroporto para depois voltarem para trás. Naquele local, por exemplo, foram pelo menos 16 os voos cancelados, sendo que quase 300 sofreram atrasos.
SYDNEY AIRPORT; Still huge queues & delays at Sydney Airport where staff shortages, school holidays & wet weather are taking a toll.
— Andrea Nicolas (@AndreaLNicolas) July 4, 2022
At least half a dozen flights have been cancelled this morning. @7NewsSydney #Sydneyairport #airportdelays pic.twitter.com/GcKuZQqnRQ
Falência na SAS
Se já se previa um início de semana mau para a SAS, tudo ficou pior com a greve desta terça-feira, que já levou mesmo a companhia aérea escandinava a abrir um processo de falência nos Estados Unidos. Uma greve dos seus 900 pilotos foi o motivo que espoletou esta decisão, com a empresa a pedir aos Estados Unidos proteção para a acelerar um plano de reestruturação com base no capítulo 11 da lei de falências daquele país.
A paralisação acabou por ir para a frente após empresa e pilotos não terem chegado a acordo sobre um aumento de salários, com o diretor-executivo da SAS a admitir que esse foi o ponto final numa situação já de si instável.
Em comunicado, a SAS garante que vai continuar a servir os seus clientes durante o processo de falência, mas, pelo menos esta terça-feira, isso será algo difícil de fazer.
O caso dos Estados Unidos
Esta é uma situação que se tem repetido nos últimos dias, e que muitas companhias aéreas temem que vá continuar no verão. É o que temem os norte-americanos, que num fim de semana prolongado se depararam com o caos nos aeroportos. De quinta a domingo foram mais de dois mil os voos cancelados de, para e entre os Estados Unidos, que viram ainda mais de 12 mil voos sofrerem atrasos.
Embora o mau tempo tenha sido uma das razões, a falta de profissionais da aviação, nomeadamente pilotos, contribuiu de forma decisiva para mais um fim de semana de constrangimentos.
Este foi o terceiro fim de semana seguido em que houve um pico no número de voos cancelados, depois de o mesmo ter acontecido por ocasião do Memorial Day e do Dia do Pai.
A complicar a situação esteve um piquete de greve dos pilotos da Delta Airlines, que exigem melhores condições de trabalho, queixando-se que estão a fazer horas a mais. Uma imagem que se tem repetido ao longo dos últimos dias.
Segundo os dados da Administração de Segurança dos Transportes, a crise afetou 2,49 milhões de pessoas naquele país.