É uma das maiores greves a afetar a Alemanha nas últimas décadas. Milhares de trabalhadores do setor dos transportes estão esta segunda-feira em protesto por aumentos salariais para fazerem face à subida do custo de vida.
O setor ferroviário foi particularmente afetado, com centenas de comboios suburbanos e regionais a serem cancelados devido à falta de pessoal. Também o setor aeroportuário sofreu, com de centenas de voos adiados ou cancelados em Munique e Frankfurt.
A greve foi convocada por dois sindicatos alemães: o Verdi, que representa 2,5 milhões de trabalhadores públicos, e pede um aumento de 10,5% para os trabalhadores do setor dos transportes, e o EVG, que representa 230 mil trabalhadores da Deutsche Bahn, a companhia ferroviária estatal, e várias empresas de transporte rodoviário. Este último sindicato reclama um aumento salarial 12%, transversal a todos os funcionários destas empresas.
Ao jornal alemão Bild, o líder do Verdi, Frank Wernecke, considera que o aumento salarial “é uma questão de sobrevivência para milhares de trabalhadores”. “Estas pessoas não são só mal pagas, estão também sobrecarregadas de trabalho”, afirmou. Em Berlim, um dos manifestantes disse à AFP que “sentia na carteira” o aumento dos preços da comida e dos combustíveis, visão partilhada pela grande maioria dos que protestam.
"Temos sido arrastados há demasiado tempo. Os grandes beneficiam e os pequenos, que mantêm tudo a funcionar, não recebem nada. As pessoas têm dois ou três empregos para fazer face às despesas”, afirmou Christoph Gerschner, um dos trabalhadores em protesto.
Do lado das empresas, a reação mais dura surgiu do lado da Deutsche Bahn. "Milhões de passageiros que dependem de autocarros e comboios estão a sofrer com esta greve excessiva e exagerada”, afirmou um porta-voz da empresa, citado pela Reuters.
O governo alemão, por seu turno, está otimista na assinatura de um compromisso ainda esta semana. "Muitos trabalhadores dos serviços públicos estão a sofrer com os elevados preços da energia e a elevada inflação. É por isso que o nosso trabalho é encontrar um bom acordo”, afirmou Nancy Faeser, ministra do Interior, citada pela Reuters, garantindo que o executivo apresentou uma “boa proposta”. “Espero agora que os sindicatos abandonem as suas exigências elevadas e nos encontrem algures a meio do caminho”, disse.