O que se passa com os tanques da Alemanha (que já são "motivo de chacota" na NATO)? - TVI

O que se passa com os tanques da Alemanha (que já são "motivo de chacota" na NATO)?

Tanques Puma

A ideia era realizar um exercício militar com os veículos de combate mais avançados, que iriam participar numa taskforce da NATO, liderada pela Alemanha. Problema: os tanques avariaram

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A ministra da Defesa da Alemanha, Christine Lambrecht, convocou esta segunda-feira uma reunião de emergência para discutir a mais recente crise que assombra o exército alemão: tanques avariados.

A reunião de emergência acontece após a divulgação de um e-mail de um alto oficial para o chefe das Forças Armadas - a Bundeswehr, no qual denuncia o "estado lamentável dos veículos de combate de infantaria" da sua divisão. “Mesmo com os melhores preparativos, a questão da prontidão dos veículos tornou-se numa lotaria”, escreveu o major-general Ruprecht von Butler ao seu superior, de acordo com uma cópia do documento citado pela Der Spiegel.

E estalou a polémica: é que segundo relata o major-general, durante um exercício, neste mês, para preparar uma brigada de tanques alemães para a força de resposta de “alta prontidão” da NATO, todos os 18 veículos de combate de infantaria modernos falharam. 

Os tanques em causa, conhecidos como Pumas, sofreram uma infinidade de problemas de funcionamento, desde falhas eletrónicas até "defeitos na torre". Num dos casos, os soldados tiveram de abandonar o veículo depois da cablagem ter pegado fogo. O Ministério da Defesa alemão fala num número “inesperadamente alto” de avarias – embora tenha ressalvado que as condições táticas e climáticas do exercício eram "desafiadoras".

Detalhe de um Puma durante a cerimónia de entrega oficial do tanque às Forças Armadas alemãs, a Bundeswehr, em Unterluess a 24 de junho de 2015 (Getty)

Segundo escreve o Politico, os Pumas são concebidos para transportar tropas pelo campo de batalha e são equipados com uma variedade de sistemas de armas, incluindo um canhão de 30 mm capaz (pelo menos em teoria) de disparar centenas de tiros por minuto. 

Alemanha tranquiliza NATO

Facto é que os problemas de equipamento da Bundeswehr não são novos. Aliás, o armamento de má qualidade do exército alemão já se tornou "motivo de chacota" na NATO, escreve o Politico. E o constrangimento levou a Alemanha a "tranquilizar" a NATO, numa tentativa de assegurar que a Aliança mantém a confiança na liderança da task-force de resposta rápida (VJTF), marcada para o próximo ano.

"A NATO pode continuar a contar connosco para cumprir o nosso dever com a VJTF”, disse Christine Lambrecht, citada pelo Financial Times (FT). A ministra da Defesa garantiu ainda que o exército não vai encomendar mais Pumas - que foram desenvolvidos pelas empresas de armas Rheinmetall Landsysteme e Krauss-Maffei Wegmann (KMW) - mas que há muito tempo que sofrem com problemas técnicos. Até ao momento as empresas ainda não se pronunciaram. 

Ora, as falhas podem ser altamente embaraçosas para o chanceler alemão, que tinha prometido restaurar o investimento nas forças armadas e compensar anos de subfinanciamento com um aumento maciço nos gastos com a Defesa. Aliás, dias após a invasão russa, Olaf Scholz anunciou a criação de um fundo de investimento de 100 mil milhões de euros para a Bundeswehr. Já na semana passada, o parlamento alemão deu luz verde para que 8 mil milhões deste fundo sejam gastos em novos caças F-35 dos Estados Unidos para substituir os antigos "Tornados". E também autorizou gastos com a atualização técnica dos Pumas.

“As recentes avarias do Puma são um revés amargo”, disse Christine Lambrecht, acrescentando que ordenou uma investigação sobre o que falhou com os veículos. "O nosso exército deve ser capaz de contar com sistemas de armas robustos e estáveis, também em combate", afirmou.

Só que com os recentes problemas, a Bundeswehr não tem escolha a não ser confiar no antecessor do Puma: o Marder da década de 1970 - um dos modelos de tanques que a Ucrânia pretendia comprar à Alemanha, mas que Berlim se terá recusado a vender. Também o principal tanque de batalha da Alemanha, conhecido como Leopard II, participou nos exercícios e teve um desempenho muito melhor, relatou o general. (O chanceler alemão Olaf Scholz também bloqueou a transferência de Leopards para a Ucrânia, argumentando que os EUA também adiaram o envio de tanques de guerra.)

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