No treino, em casa ou no trabalho. Até onde esticam os efeitos do alongamento no bem-estar físico (e mental) - TVI

No treino, em casa ou no trabalho. Até onde esticam os efeitos do alongamento no bem-estar físico (e mental)

  • CNN Portugal
  • AL
  • 8 jun 2023, 12:00
Alongamentos (Pexels)

Alongar ou não alongar? As opiniões dividem-se e as dúvidas também. Eis o que dizem os especialistas sobre quando fazer alongamentos e como os fazer corretamente.

A maioria de nós foi ensinado desde tenra idade que “entrar num exercício físico sem prepararmos o corpo é meio caminho andado para o desastre”, começa por sublinhar a fisioterapeuta Ana Moreno. Mas será mesmo assim?  

“Primeiro, temos de perceber se realmente é assim tão importante”, diz o personal trainer Felisberto Pereira. Alongar sempre foi "uma espécie de culto”, para fazer antes de qualquer tipo de movimento, e em qualquer modalidade. Contudo, não existe consenso sobre a sua utilidade.  

Por um lado, há quem defenda a ineficácia dos alongamentos no desempenho desportivo e redução de lesões; por outro, há quem apoie os seus efeitos benéficos na amplitude de movimento e aumento de flexibilidade. 

“É muito redutor achar que é bom ou mau sem ter um contexto primeiro”, insiste o personal trainer. Isto porque a simples recomendação de não alongar exclui fatores importantes como a “intensidade do próprio alongamento, a sua duração e até mesmo o tipo de exercício que está a ser realizado”, acrescenta.  

Por exemplo, se for fazer uma modalidade que exija manter uma posição durante muito tempo, como a ginástica, o ioga ou pilates, é “importante alongar antes, porque no próprio treino é essencial ter essa flexibilidade”, traça Felisberto Pereira. Pelo contrário, se for um desporto coletivo ou uma modalidade que dependa mais da produção de força, já não é assim tão importante.

Ou seja, “atendendo ao tipo de treino ou modalidade que se vai fazer, há determinados alongamentos que serão mais vantajosos do que outros”, aponta Ana Moreno. 

No geral, para além de aumentar a flexibilidade muscular e melhorar a postura, o alongamento também pode ser benéfico pela sensação de bem-estar antes e depois do treino. “Parece que nos torna mais aptos, mais disponíveis”, diz o personal trainer.  

Alongamento estático VS alongamento dinâmico 

Embora não exista uma preparação ideal para se alongar, é importante compreender que existem diferentes tipos de alongamentos e que cada um deles funciona melhor em determinada situação. “Podemos dividi-los em dois grandes grupos: o estático e o dinâmico “, destaca Felisberto Pereira, ou então “em duas fases: o antes e o depois”, completa Ana Moreno.  

O antes é a “preparação do corpo, músculos, tendões e tudo o que envolve a parte óssea para executar o exercício”, resume a fisioterapeuta. Portanto, deve realizar alongamentos ativos ou dinâmicos, especialmente para tentar simular qualquer esforço que vá fazer a seguir.  Por exemplo, se vai treinar braços, seria típico fazer um alongamento em que os movimente rotativamente. 

Já o depois não é menos importante. "Quando paramos de fazer exercício, o corpo está cansado e contraído, logo fazer o alongamento pode ajudar a relaxar a parte muscular e mental”, realça Ana Moreno. Neste caso, é aconselhado realizar o alongamento estático, mantendo a “mesma posição cerca de 15 a 60 segundos para tirar a adrenalina do treino”, diz o personal trainer.  

De salientar que este último pode prejudicar o rendimento se for feito de forma exagerada. “Vamos pensar no nosso corpo como um elástico, no sentido de que se aplicarmos mais força do que ele suporta, rebenta. O mesmo pode acontecer com os nossos músculos”, aponta Felisberto Pereira.  

(Pexels))

Cuidados essenciais  

Para obter bons resultados através do alongamento existem alguns cuidados que deve ter especial atenção. “Acima de tudo perceber que antes do treino convém que o alongamento seja algo breve, pouco intenso e focado no movimento que vai realizar”, enfatiza o personal trainer. 

Mas há mais. É importante saber controlar a respiração. “Muitas vezes, as pessoas esquecem-se de o fazer e depois chegam ao fim cansadas e não é esse o objetivo”, revela Ana Moreno. O conselho é fazer respirações lentas e contínuas para manter o controlo da situação, seja ela qual for.   

Há também que saber aplicar os alongamentos conforme a realidade de cada um. Uma pessoa de 80 anos não vai fazer o mesmo que uma criança de 8 ou 18 anos, porque o corpo já não tem a mesma elasticidade, nem preparação para poder desempenhá-los. “Um grupo de crianças até pode fazer alongamentos deitados no chão. Mas um grupo de idosos já precisa de os fazer sentados numa cadeira”, exemplifica.  

E, claro, saber fazê-los corretamente. “Se sentir dor, por mais mínima que seja, é porque algo não está bem”, aponta a fisioterapeuta. Um alongamento normalmente desperta uma “sensação de alívio muscular”, mas nunca em momento algum pode gerar dor. Quando isso acontece, ou é porque está a fazer incorretamente ou porque tem uma lesão. Nesse caso, deve procurar ajuda profissional.   

(Pexels)

"Devia ser uma prática como a de tomar o pequeno-almoço” 

Tirar cinco minutos para levantar e alongar, respirar e expirar pode ser a chave para ter um melhor rendimento a nível físico e mental, especialmente numa altura em que “somos muito sedentários e estamos imóveis durante muito tempo”, revela Felisberto Pereira. 

Na realidade, quando pega numa caneta do chão ou quando se estica para ir buscar o comando no sofá, acaba por alongar e contrair os músculos múltiplas vezes. É inevitável, mas “devia ser uma prática como a de tomar o pequeno-almoço”, aponta Ana Moreno.  

Todos podemos beneficiar da sua prática, até mesmo na parte laboral. “O nosso corpo precisa de movimento e para as pessoas que trabalham o dia inteiro sentadas em frente ao computador é crucial levantar da secretária de x em x tempo para se mover um bocadinho”, conclui o personal trainer.  

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