A história do brasileiro Jesus Fonseca é no mínimo irónica. Este homem vendia bilhetes de lotaria quando, depois de mais um dia de trabalho sem grande sucesso, resolveu comprar algumas frações. E a sorte sorriu-lhe: o vendedor arrecadou um prémio no valor de dois milhões de reais, equivalente a meio milhão de euros. Seis meses depois, Jesus Fonseca estava de novo na rua a vender lotarias.
O episódio aconteceu na cidade de Macapá, no sudeste brasileiro, na década de 1980. Jesus Fonseca estava separado da mulher e tinha dois filhos menores. Em entrevista ao G1, o homem recordou o dia em que tudo mudou na sua vida: 13 de fevereiro de 1983.
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Naquele dia, Jesus Fonseca estava num café no centro da cidade com nove bilhetes de lotaria que não tinha conseguido vender. Antes de acertar contas com o patrão, resolveu comprar as frações que sobraram, sem saber que entre elas estaria o número premiado desse concurso da lotaria federal. Ganhou o equivalente a dois milhões de reais, que naquela época eram cruzeiros, ou seja, cerca de 500 mil euros.
Dinheiro dentro de caixas de leitePara levantar o dinheiro do banco, usou engenho e arte para despistar possíveis assaltantes. Foi de táxi até à agência bancária e levou cinco caixas de leite vazias para trazer as notas.
O homem disse que o gerente do banco ainda o tentou convencer a aplicar algum valor em produtos bancários, mas ele recusou.
Não queria ser milionário, queria o meu dinheiro. Disse que queria comprar três fazendas.”
Mas não comprou nada. Jesus Fonseca usou o dinheiro para viajar pelo país rodeado de mulheres, luxo e amigos.
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De tudo o que viveu, o episódio que recorda com mais entusiasmo foi ter conhecido uma atriz porno célebre nos anos 80, Rita Cadillac.
“Conheci uma famosa artista e cheguei perto. Já tinha ido para a Baía atrás dela, depois disseram-me que estava no Rio”, relembrou o vendedor.
Decorridos seis meses de luxos e viagens, o dinheiro começou a escassear e o homem viu-se obrigado a regressar às origens. Jesus Fonseca voltou para Macapá sem dinheiro e foi nas ruas, a vender a sorte a quem passa, que (re)encontrou o futuro. Hoje tem 69 anos, casou e teve mais filhos.
Se ganhasse hoje não faria o que fiz, investiria nos meus filhos, uma quer ser medica, outro enfermeiro e o terceiro está no colégio. Não comprei carro, casa nem as três fazendas, mas aproveitei muito.”
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