Em declarações à «Reuters», Granadeiro disse que tem sido muito difícil para a PT obter informações da AdC sobre a investigação que está a fazer à operação de concentração promovida pela Sonaecom e considera estranho que a Sonaecom tenha acesso a documentos antes das outras contra-partes interessadas na OPA.
Granadeiro voltou a destacar que esta OPA está a arrastar-se no tempo e não é por responsabilidade da empresa mas sim da AdC que pode «gerir (os prazos) de uma forma discricionária com o mecanismo das interrupções», adiantando não saber «quando esta OPA terá o seu fim».
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«Nós (PT) queremos saber se há ou não concertação e a AdC deveria esclarecer em toda a profundidade os acordos estabelecidos entre a Sonae e a FT para análise desta operação», disse Henrique Granadeiro, em declarações exclusivas à «Reuters».
«Depois de ler o comunicado da Sonae da passada sexta-feira tenho dúvidas que não haja concertação», adiantou o chairman da PT.
A Sonaecom anunciou, a 6 de Fevereiro, o lançamento de uma OPA sobre o capital da PT, oferecendo 9,5 euros por cada acção e cinco mil euros por cada obrigação convertível, o que avalia a telecom em cerca de 11,1 mil milhões de euros.
Anunciou, também, outra oferta sobre a PTM, com uma contrapartida de 9,03 euros por acção.
A Sonae anunciou, em comunicado na sexta-feira, que lhe eram imputados 88,62% da Sonaecom, detidos quer directamente quer por participadas, mais as posições detidas pela FT, a EDP e da Parpública.
Posteriormente, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) reconheceu que não havia lugar a concertação relativamente às participações da EDP-Energias de Portugal e da Parpública na Sonaecom e hoje a FT disse que ia pedir a ilisão da presunção de estar em concertação.
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A Sonae detém, directa e indirectamente 50,4% da Sonaecom e a FT 19,19% e é interpretação da CMVM que são imputadas às duas 69,59% dos votos, no âmbito da nova lei das OPA.
Granadeiro disse que por duas vezes levantou o problema da concertação junto da AdC e para a necessidade desta «aclarar o que contêm o acordo parassocial e o acordo que a FT considera estratégico e a Sonaecom tecnológico».
«É muito difícil que a CMVM possa, de facto, deixar de considerar que haja concertação entre a Sonae e a FT e esta possa fugir à alternativa de rasgar os contratos (parassociais), como aconteceu no BPI, ou lançar uma OPA sobre a Sonaecom», disse Henrique Granadeiro.
O presidente da PT disse ter verificado com estranheza que o parecer da Anacom ao primeiro projecto de decisão, entregue à PT no dia 16 de Novembro pela AdC, tivesse no cabeçalho «Optimus Administração», sendo datado de 10 de Novembro.
«Dispenso-me de fazer comentários sobre a AdC, para nós tem sido um calvário obter informações da AdC», disse Henrique Granadeiro.
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Comentou, também, recentes declarações de Belmiro de Azevedo, accionista maioritário da Sonae, responsabilizando a PT pelo arrastar da OPA.
«O eng. Belmiro muitas vezes fala para cobrir o silêncio da AdC», disse Granadeiro, adiantando que não sabe quando esta OPA poderá estar concluída.
«O prof. Abel Mateus prometeu várias vezes uma decisão sobre a OPA, coisa que, de facto, não tem cumprido», disse o chairman e CEO da PT.
A Sonaecom notificou, em finais de Fevereiro, a AdC da operação de controlo da PT.
Granadeiro chamou, ainda, a atenção para o facto de não ser uma sociedade de direito português que está a lançar uma OPA sobre o grupo PT, mas sim a Sonaecom BV, que tem sede na Holanda.
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