Cerca de 30 por cento dos 356 voos programados para este sábado em todo o Brasil registam atrasos superiores a uma hora, em mais um dia de total confusão nos aeroportos brasileiros, informou uma fonte oficial, citada pela Lusa.
A Infraero, empresa responsável pelo controlo dos aeroportos brasileiros, informou igualmente que 23 voos, 6,4 por cento do total, foram cancelados, nomeadamente em Brasília.
PUB
Trata-se do quinto dia consecutivo de registos de atrasos e cancelamentos de voos, o que causou tumultos nos grandes aeroportos brasileiros, na sequência de um protesto dos controladores aéreos.
Na tentativa de controlar a situação nos aeroportos, o Governo brasileiro suspendeu sexta-feira os controladores aéreos, após uma reunião de emergência entre o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula da Silva determinou que todos os controladores que se rebelaram fossem afastados dos seus cargos e sancionados conforme estabelece a lei.
O ministro da Defesa, Waldir Pires, afirmou que o Brasil não será «refém dos controladores aéreos» e que tudo será feito para manter o fluxo normal nos aeroportos do país.
Juniti Saito admitiu que «o momento é de extrema gravidade» e atribuiu os problemas, que se agravam desde terça-feira, «ao comportamento repetitivo de alguns controladores».
«Um pequeno grupo de sargentos controladores recusou-se a trabalhar de forma intransigente com as equipas disponíveis para as actividades de controlo», explicou o chefe militar.
PUB
Juniti Saito sublinhou que o esse comportamento é «inaceitável» porque «viola o direito das pessoas de ir e vir e causa um enorme sofrimento na sociedade».
A crise aeroportuária, que se agudizou esta semana com a detenção de dois controladores, começou a 29 de Setembro de 2006, quando 154 pessoas morreram na colisão entre um Boeing da Gol e um jacto da Legacy, no pior acidente da história da aviação brasileira.
Das investigações deste caso ficou comprovada a culpa dos pilotos norte-americanos do jacto e de quatro controladores em serviço nesse dia, além de provar que há sérias falhas nos sistemas e equipamentos de controlo aéreo no Brasil.
Desde o acidente, os controladores têm feito sucessivas greves e chegaram a paralisar as actividades por completo por 12 horas, obrigando a encerrar todos os aeroportos do país.
Como forma de pressão, os controladores aumentam também os intervalos entre os voos, o que causa um colapso em toda a malha aérea, com reflexos também para os voos internacionais.
Eles exigem melhores condições de trabalho, aumentos salariais e que o controlo aéreo brasileiro passe a ser feito por uma agência civil, fora da actual responsabilidade dos militares da Aeronáutica.
PUB