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Reflexão sobre o negócio do futebol (I)

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Artigo de análise, a partir da temporada 2008/09

O futebol profissional português é provavelmente o produto mais fácil e mais difícil de vender.

Mais fácil porque toda a gente sabe o que é, toda a gente sabe que existe, toda a gente sabe onde está à venda.

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Mais difícil porque toda a gente desconfia do seu valor, porque quem o fabrica insiste em gritar que o produto está estragado e porque a ocupação do espaço público é quase sempre feita de forma deficiente.

Os pontos fáceis dispensam, julgo, explicação. São evidentes. Ao contrário de outras actividades desportivas/culturais/lazer, o futebol profissional dispõe de abundante espaço de divulgação. Nos meios mais poderosos (televisões em sinal aberto, televisões por cabo, internet, jornais e rádios) e, por consequência, também nas conversas informais (escolas, cafés, empregos, etc).

Milhões de pessoas sabem que o F.C. Porto é tetracampeão. Apenas dezenas conhecem o nome da peça que está em cena no Teatro Aberto.

Mostrar um produto

A vantagem de ter um produto exposto é aumentar a possibilidade de alguém o adquirir. Desde que o produto seja bom.

Aqui começa o problema.

O produto futebol português é, de uma forma geral, visto como pouco qualificado. Por razões pouco discutíveis: erros graves, desconfiança sobre a verdade desportiva, jogadores de qualidade duvidosa, estádios que oscilam entre o muito bom e o mau, horários incertos, nível de linguagem poucas vezes atractivo.

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Na prática, o número de pessoas interessadas em pagar para ir aos estádios ver jogos de profissionais não excede, em média, as 100 mil. Um por cento da população, portanto.

Depois há mais alguns que aceitam pagar qualquer coisa para saber o que se passa no futebol português. São os que subscrevem a SportTV e adquirem jornais desportivos. Não existem estudos, mas acredito que muitos são os que também vão aos estádios.

Existe ainda uma categoria, bem maior do que a anterior: são os que aceitam ver futebol na televisão, sem pagar. Um pouco mais de um milhão (audiência média), todos os fins-de-semana.

Façamos contas, então.

Apesar de divulgada como nenhuma outra actividade, o futebol só convence um por cento da população a pagar aos clubes. E se for de borla só atrai a atenção de dez por cento dos potenciais interessados.

No entanto, este número é multiplicado por quatro em grandes eventos que envolvem a selecção nacional, como Mundiais ou Europeus.

Comunicar em televisão

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Isto significa, do meu ponto de vista, que pelo menos metade dos que habitam em Portugal nunca terão grande vontade de se envolver com o futebol. Passa-lhes ao lado. E estão no seu direito.

Mas existem dois, três, talvez quatro milhões de pessoas que até admitem ver futebol (e comprar cachecóis, camisolas, etc) se os convencerem de que vale a pena. Os anos Scolari são prova suficiente.

Os dirigentes do futebol deveriam estar preocupados em estudar estas pessoas e encontrar formas de comunicar com elas.

Isto não se faz nos estádios. Esses já estão convertidos.

Fazê-lo nas ruas custa muito dinheiro.

Os jornais desportivos têm audiências cada vez mais reduzidas e são adquiridos, em princípio, pelos mesmos que vão aos estádios (somados os três jornais, hoje em dia falamos apenas em 150 mil compradores/dia).

A internet é um meio poderoso, mas onde cada um é dono do seu destino (sites, blogues, Messenger, twitter, etc, etc).

A televisão por cabo é ainda uma realidade distante para a maioria dos portugueses.

Conclusão: o meio mais eficaz para comunicar com massas continua a ser a televisão em sinal aberto.

Leia a continuação no link relacionado

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