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Língua azul: autarca acusa Governo de lentidão

Vírus bovino foi detectado numa exploração. Câmara diz que há mais animais afectados

O presidente do município de Barrancos, onde foi detectado um foco da doença da língua azul, acusou hoje o Governo de lentidão na resposta ao problema e afirmou que, contrariamente à informação oficial, há animais a morrer noutras explorações.

«O Governo quer dar a entender que está tudo bem, mas não está», disse António Tereno, em declarações à Lusa, referindo que «oficialmente, diz-se que o foco só foi detectado numa exploração de Barrancos, que está sequestrada, mas há animais a morrer noutras explorações».

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«Tenho muitas reservas quanto à actuação do Governo neste caso. Parece que está mais interessado em esconder a real situação, do que em resolvê-la», afirmou, criticando a «forma muito lenta» como o Ministério da Agricultura, através da Direcção-Geral de Veterinária (DGV), «está a atacar o problema».

De acordo com o autarca, «em Espanha, estão a atacar o problema como deve ser. Há técnicos oficiais a desinfestar as explorações e a recolher os animais mortos, para evitar a propagação da doença».

«Em Portugal, os agricultores que se amanhem», disse, questionando «por que razão não andam também técnicos da DGV no terreno a desifestar as explorações».

«Em Barrancos e nos concelhos vizinhos anda apenas uma equipa da Associação de Agricultores de Serpa (AAS), com um kit, a desinfestar as explorações dos sócios que pediram ajuda», contou.

«É uma vergonha», lamentou, criticando o facto de o Ministério da Agricultura ter emitido «um único comunicado oficial e pronto».

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«Parece que o problema está resolvido», ironizou, afirmando que «se o Governo não tomar medidas a sério, a doença vai alastrar-se facilmente», porque, reforçou, «há animais a morrer em explorações vizinhas da exploração isolada».

«Sobre isto o Governo não fala. Talvez para não ter de pagar indemnizações aos agricultores atingidos», afirmou, partilhando as preocupações dos dirigentes associativos locais.

Neste sentido, a AAS, que tem cerca de 500 associados, muitos dos quais são produtores de gado com explorações em Barrancos, está a ajudar os sócios a desinfectar o gado e as explorações, a única medida para prevenir a propagação do serotipo 1 da doença detectado em Barrancos, para o qual não existe vacinação disponível.

O proprietário da exploração de Barrancos onde foi detectado um foco da doença da língua azul disse, quarta-feira, à Lusa, que «cerca de 30 a 40 por cento» das suas 500 ovelhas estão infectadas, precisando que até já morreram 22 animais.

«Já morreram algumas ovelhas em explorações vizinhas», revelou ainda Juan Cortegano, admitindo a hipótese de o foco da doença da língua azul, detectado sexta-feira na sua exploração, ter «alastrado a algumas explorações vizinhas».

A exploração de ovinos de Juan Cortegano, onde foi detectado, sexta-feira, um foco de língua azul do serotipo 1, para o qual não existe vacinação disponível, encontra-se sob sequestro (isolada).

Além do sequestro da exploração, segundo o Ministério da Agricultura, estão a ser aplicadas medidas especiais de vigilância e restrições à circulação de ruminantes nas regiões do Alentejo e Algarve, para evitar a disseminação da doença, que não tem impacto na saúde humana.

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