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«Divórcio» entre actividade florestal e património

Arqueólogo diz que «divórcio» entre a actividade florestal e o património arqueológico leva à destruição de monumentos

Um arqueólogo da Associação de Estudos do Alto Tejo alertou esta sexta-feira, em Leiria, para a existência de um «estranho divórcio» entre a actividade florestal e o património arqueológico, considerando que a situação leva à destruição de muitos monumentos, escreve a Lusa.

João Carlos Caninas explicou que o divórcio começa «ao nível mais elevado da Administração Central» e que tem a ver com duas partes, afirmando que o Ministério da Cultura «não se tem empenhado ao longo do tempo em valorizar uma aproximação mutuamente frutuosa com a política florestal».

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Desinteresse

Por outro lado, admitiu que «pode ter havido, durante muito tempo, por responsáveis políticos do sector do Ministério da Agricultura, um desinteresse e o não encarar isto como uma prioridade, mas quase como uma responsabilidade de outros sectores, como o da cultura».

O responsável reiterou que a tutela das florestas pode sempre entender que não tem responsabilidade na arqueologia, mas na prática tem, «porque esta actividade tem consequências na salvaguardada de sítios arqueológicos».

O mais importante

«Quem é o mais responsável, isso não é o mais importante», disse o arqueólogo, que acrescentou: «O mais importante é que nos contactos que temos tido com a Autoridade Florestal Nacional foi demonstrado um interesse muito sério em considerar isto como um problema que lhe diz respeito e para o qual existem soluções que não são necessariamente caras».

Nas XVI Jornadas sobre Ambiente e Desenvolvimento, uma organização da Associação de Defesa do Ambiente e do Património da Região de Leiria (OIKOS), João Carlos Caninas sublinhou, por outro lado, que a «avaliação de impacto ambiental tem sido o motor de um crescimento significativo do conhecimento do território».

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«Tem sido fundamental no conhecimento, na salvaguarda de sítios e na prevenção», sublinhou, admitindo que, se não fossem tais estudos obrigatórios, haveria muito mais destruição do património.

«Povoamentos de centenas de hectares»

«Este instrumento, de facto, tornou vinculativo e obrigatório o conhecimento do território em processos prévios ao licenciamento dos respectivos projectos», disse, embora reconhecendo que, no sector florestal, esta avaliação desapareceu «um pouco do horizonte», pois apenas é exigido «para fazer grandes povoamentos de centenas de hectares».

«Por aí deixou de haver controlo através deste instrumento», referiu.

Segundo o investigador, entre as actividades que mais lesam o património arqueológico estão a criação de infra-estruturas, sobretudo rodoviárias, os povoamentos florestais e os incêndios.

A isto acresce «o corte e arrasto da madeira ardida», afirmou João Carlos Caninas, que defendeu uma «melhor integração do património nos instrumentos de política florestal», a «cooperação entre os organismos públicos» e a «formação e sensibilização dos técnicos florestais».

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