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Bélgica: dezenas de noivos contra o racismo

Padre negro alvo de discriminação, apoiado por boda colectiva

A cidade belga de Sint-Niklaas vai ser, a 21 de Março, palco de um casamento fora do vulgar. O acto simbólico, que coincide com o dia internacional contra o racismo, contará com a presença de dezenas de noivos de diversas zonas do mundo que pretendem dizer «não ao racismo», notíciou esta segunda-feira o El País.

A cerimónia será presidida pelo reverendo Wouter van Belligan e a razão da escolha é fácil: foi naquela cidade belga com 70 mil habitantes, que saiu, há duas semanas, uma das notícias mais impróprias do século XXI. Três casais negaram ser casados por Belligan por ele ser negro.

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O padre recebeu entretanto mais de dois mil missivas de correio electrónico apoiando-o.

A boda colectiva, amplamente divulgada pela imprensa belga servirá para protestar contra o racismo numa localidade situada próximo de Amberes, a capital de Flandres.

Nessa, como em muitas outras localidades, o partido de extrema-direita, Vlaams Belang (VB), consegiu, com um discurso racista, obter 25 por cento dos votos nas eleições de Outubro passado.

65% dos belgas discriminam cor dos seus funcionários

O próprio primeiro-ministro belga, Guy Verhofstadt, mostrou-se horrorizado quando soube da notícia. Verhofstadt lidera um país onde, segundo o observatório europeu contra o racismo e a xenofobia, 65 por cento dos cidadãos acreditam que a cor da pele é um factor determinante na escolha de um funcionário.

Belligen, do Spirit, o partido nacionalista de esquerda, reconhece que a força do VB é um reflexo do que está a acontecer na sociedade.

«Todos sabiam que aqui há casais que recusam ser casados por padres negros, mas foi preciso a imprensa mundial divulgar isso, para que aqui se comece a olhar para a situação como algo sério», salienta Belligen.

O reverendo de 34 anos, nasceu no Ruanda e foi adoptado por uma família belga. E desde pequeno que é alvo de racismo. «A única diferença é que agora não têm medo de dizer que são racistas», refere o padre que admite ser normalmente insultado na rua.

Belligen não quis durante muito tempo ser pai para «não obrigar os filhos ao mesmo racismo», mas agora que os tem, espera que este casamento colectivo e simbólico sirva para que eles não sejam alvo dos mesmo insultos e acções racistas.

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