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Marcelo "levantou um tema justo da forma errada”. Catarina Martins lamenta falta de diálogo de Portugal “com a própria história” e critica a “estratégia de vitimização do Governo”

Em entrevista à CNN Portugal, a cabeça de lista do Bloco de Esquerda para as eleições europeias falou do atual estado da política nacional e europeia

Catarina Martins, candidata do Bloco de Esquerda às eleições, considerou que “o Presidente da República levantou um tema justo da forma errada” ao falar sobre a necessidade de reparações históricas às ex-colónias.

A bloquista lembrou que “Portugal já fez reparações históricas”, dando o exemplo dos judeus sefarditas. Em entrevista à CNN Portugal, lembrou que as reparações históricas são uma “tendência” em toda a Europa.

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“Há tanta reparação para fazer até no próprio território nacional, para que toda a gente tenha condições de vida”, referiu, lembrando todos aqueles que vieram para Portugal durante o período de descolonização, alguns deles mantendo-se entre os mais frágeis da sociedade.

Catarina Martins defendeu a necessidade de discutir o tema das reparações às ex-colónias “serenamente”.

“Não acho que Portugal precise de uma reconciliação [com as ex-colónias]. Há problemas, desequilíbrios, desigualdades, que é preciso abordar e reagir sobre elas. Não acho mal que haja processos, como há noutros países da União Europeia, por exemplo, em que se juntam estudiosos da cultura, da arqueologia, da museologia de vários países. E tentam perceber quais são os objetos culturais que estão num país ou noutro e deviam estar nos seus países da origem”.

A candidata deu o exemplo do Museu Nacional da Dinamarca, que tem uma “ala de reparação histórica”, assumindo assim “os crimes que cometeu enquanto era uma potência colonial”. “Portugal não tem este tipo de diálogo com a sua própria história”, juntou.

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Governo com “estratégia de vitimização”

Catarina Martins considerou que não se podem traçar paralelismos para a realidade nacional dos resultados a 9 de junho.

“Não acho que o PSD esteja sob stress na sua governação por causa do resultado”, disse.

Para a cabeça de lista bloquista para as europeias, o “PSD teve uma estratégia de início de mandato, que me parece errada. Mais do que ter proposta, foi fazer oposição à oposição. É uma estratégia de vitimização”.

“O governo está muito empenhado em tentar provar que tem obstáculos, mais do que empenhado em criar soluções”, juntou. E deu o exemplo do complemento solidário para idosos para reforçar a ideia: o Parlamento está a “aprovar, sem o PSD, as próprias promessas que o PSD fez na campanha eleitoral”.

Sobre as votações do PS e do Chega no mesmo sentido, classificadas pelo executivo como “coligações negativas”, defendeu que “as coligações são positivas quando servem os interesses do país”. Ainda assim, não deixou de lembrar as crescentes mudanças de posição do Chega. Para concluir: “um relógio parado também acerta duas vezes ao dia”.

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“Combater a extrema-direita”

Catarina Martins admitiu a vontade de manter os dois deputados do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu, insistindo que o objetivo é “ter o melhor resultado que pudermos ter”.

À CNN Portugal, a antiga líder do Bloco de Esquerda assumiu os receios de um crescimento da extrema-direita nestas eleições europeias. Claro que o resultado da extrema-direita em Portugal e no resto da europa preocupa toda a esquerda. Diria mais do que a esquerda, qualquer pessoa que ache que os direitos humanos são uma coisa boa e que perceba que a política de virar uns contra os outros não traz nada de bom para ninguém”, afirmou-

Para Catarina Martins, a melhor forma de “combater a extrema-direita” é “apresentar projetos que mobilizem as pessoas”. “Utiliza problemas mal resolvidos na sociedade para criar polémicas. Dizem mentiras que indignam as pessoas para criar polémica”, juntou.

“É a debatermos estas propostas que têm a ver com a vida das pessoas que podemos contrariar o que na verdade é lixo, é lixo, provoca indignação. Mas, no fim do dia, não diz nada sobre como vamos viver amanhã”, referiu.

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Europa com “problema de credibilidade” e à procura de “conflito nuclear”

Catarina Martins defendeu que a União Europeia tem neste momento “um problema de credibilidade internacional”, com “critérios diferentes” para “situações parecidas”, numa referência às posturas diferentes face à Rússia e a Israel.

“Quem está a propor tropas europeias na Ucrânia deve dizer o que quer”, juntou, sobre as intenções de países como França e Alemanha enviarem tropas para a Ucrânia. Tal, argumentou, “significa tropas da NATO, uma escalada do conflito”.

“Quem achar que o conflito da Ucrânia se resolve por via militar” “ou quer a completa destruição da Ucrânia ou quer um conflito nuclear”, concluiu.

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