António Reis, um dos diretores do Fantasporto, considera que «a imagem do festival está a ser duramente afetada» e espera que o fundador do certame, Mário Dorminsky, dê explicações sobre as denúncias relacionadas com alegada utilização indevida de dinheiro, escreve a agência Lusa.
«Pergunto-me se na conferência de imprensa para anunciar a programação, as perguntas serão sobre filmes ou sobre problemas judiciais», questionou à Lusa António Reis.
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O histórico do festival afirma que não se pode «fingir que está tudo bem» e não sabe «como não foi disponibilizada aos cooperantes informação em relação às questões centrais» levantadas pela revista «Visão».
A revista avançou em setembro que o Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) recebeu uma denúncia dando conta de eventuais ilegalidades na organização do festival de cinema Fantasporto, nomeadamente fuga ao IVA e falsificação do número de espetadores.
Reagindo numa mensagem enviada à agência Lusa, Mário Dorminsky garantiu que «nunca foi cometida qualquer ilegalidade na gestão da Cinema Novo», mas, segundo a Procuradoria-Geral da República, o Departamento de Investigação e Ação Penal do Porto vai abrir um inquérito à gestão da cooperativa Cinema Novo, que organiza o festival.
António Reis afirmou não «poder admitir que o desmentido [feito por Mário Dorminsky e Beatriz Pacheco Pereira] tenha algumas mentiras» que o envolvem, «como na edição do livro ou no facto de eu ter estado no hotel Splendid em Cannes, o que é falso».
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O elemento da direção do Fantasporto e três outros cooperantes decidiram não comparecer, na quarta-feira, à assembleia-geral da cooperativa organizadora do festival, a Cinema Novo, e apresentar queixa contra o diretor Mário Dorminsky por «difamação e ameaças», contidas num email a que tiveram acesso.
Mário Dorminsky acusado de «difamação e ameaças»
«Não faço ideia como é que ele sabe que somos nós os anónimos. Portanto devemos ser os anónimos abaixo identificados», ironizou António Reis sobre a acusação de ser uma das pessoas por detrás do artigo da «Visão».
António Reis há nove anos que não faz parte dos corpos gerentes e diz ter-se distanciado «bastante em relação à gestão da Cinema Novo». Uma atitude similar manteve o cooperante Ricardo Clara que, instado a fazer parte do Conselho Fiscal, sempre recusou. «Eles perguntavam-me porquê e eu respondia: "Queres mesmo saber porquê?". E ficávamos por ali».
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«Eu não assinei para isto, eu entrei para lá eu era um miúdo» afirmou à Lusa Ricardo Clara, acrescentando: «Era o que faltava virem sujar o nosso nome».
Mais do que saber quem esteve na origem da fuga de informação para a «Visão», António Reis afirma que o importante era que fossem prestados esclarecimentos e estranha que a assembleia que reclamou «tenha demorado um mês a ser convocada e só tenha sido marcada para dois dias depois das autárquicas».
Entre outros assuntos, o diretor do festival gostaria de saber «se houve ou não fuga ao IVA, se houve utilização indevida dos dinheiros da cooperativa, se foi usado ou não o cartão de crédito da cooperativa» e se «existem atas do Conselho Fiscal assinadas».
«Não preciso do festival, nem para a política, nem para o social, só fiz o festival porque gosto muito de cinema», afirma António Reis, que considera que, apesar da turbulência em torno do Fantasporto, ainda há tempo para organizar a edição de 2014.
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