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Wall-E: uma odisseia no nosso espaço

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O robô, de aspecto antiquado e ferrugento deste filme, entrará rapidamente para a galeria de personagens imortais do cinema de animação.

A ficção científica é um género nobre (ainda que nem sempre bem aceite por mentes menos expansivas) pela habilidade como consegue combinar uma história a um modelo alternativo - e quase sempre futurista! - da ordem social. É também aquele que, no cinema, mais e melhores recordações convoca graças a clássicos como E.T. - O Extraterrestre, de Steven Spielberg, ou 2001: Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick, justamente duas das obras que imediatamente vêm à memória quando se contempla o último prodígio visual dos estúdios Pixar.

E de que forma a magia acontece desta vez, com Wall-E? Recorrendo ao lado mais puro e lacónico do cinema, ou seja, ao assombro visual e à capacidade de emocionar graças a uma imagem. O robô, de aspecto antiquado e ferrugento deste filme, é também uma belíssima criação animada, que rapidamente entrará para a galeria de personagens imortais do cinema de animação (sim, já lá estão Nemo, Mike Wazowski ou o recente Ratatui) e por justo mérito.

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Quase sem palavras, o filme impõem-se graças a Wall-E (que quer dizer Waste Allocation Load Lifter Earth-Class) e às suas rotinas num planeta Terra desavindo e sem réstia de Humanidade, lá bem perto do século XXX. Cabe a este robô, programado para empilhar lixo, fazê-lo ininterruptamente, enquanto conserva no seu modesto refúgio um par de objectos que lhe prende a atenção - neste ponto, já o espectador está conquistado devido à criatividade mostrada por Andrew Stanton (que outrora já foi responsável por À Procura de Nemo).

O panorama muda quando em cena surge EVA, uma criatura metálica topo de gama colocada na Terra para encontrar vestígios da passagem dos humanos. E o inesperado acontece, que é como quem diz Wall-E percebe que por debaixo do seu corpo de lata há um coração, que começa a palpitar sem cessar pela sonda que lembra o grafismo mais contemporâneo dos aparelhos da Apple.

Aqui já o filme diz ao que vem: quer brincar à ficção científica, colocando pelo meio uma história de amor entre duas figuras mecânicas. Nesta metáfora sobre o que é ser humano, há ainda críticas ferozes ao futuro de homens e mulheres (que não andam, vivem obesos em sofás ambulantes), ao excesso de vigilância e ao confronto do homem sobre a máquina (sim, alusão a 2001: Odisseia no Espaço outra vez).

Wall-E é, por isso, um filme de temas universais, mais uma vez uma hábil produção que consegue conquistar crianças e adultos num ápice enquanto reflecte sobre questões mais profundas do que as imagens deixam transparecer à primeira vista.

Apesar de ter sido um dos campeões de bilheteira deste Verão norte-americano, foi também a mais dispendiosa produção da Pixar, com um orçamento estimado em 180 milhões de dólares. Algo que, felizmente, não comprometeu a dimensão intimista e apelativa da história. É, desde já, uma das propostas mais impressionantes deste ano cinematográfico e a prova de que o estúdio da lanterna com vida própria não falha. E não pára de arriscar.

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