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«As Serviçais» chegam com grandes referências e cumprem na perfeição

Um filme muito bem feito em todos os aspectos

adaptou para o cinema foi logo um sucesso. Sendo a escritora e o realizador amigos de longa data, o da adaptação ao cinema a começar também garantia que o resultado continuasse a ser bom. E no primeiro filme com um grande estúdio - a Dreamworks - Taylor teve seguramente acesso às condições para apresentar um grande trabalho à sua terceira realização. com várias nomeações para os próximos Óscares. Desde já, é o primeiro grande filme da de estreias que acontecerá à medida da proximidade da cerimónia da Academia.

Há coisas que nos dão logo a impressão que são boas - outras que são más, claro. Umas vezes estamos certos, outras enganamo-nos - faz parte. Quando a impressão é boa e depois acertamos a sensação é óptima. No cinema isto também acontece e quando um filme cumpre ou supera o que se espera não pode também ser se não óptimo.

Com «As Serviçais» («The Help» no original) é assim. O livro de estreia de Kathryn Stockett que

Tate Taylor

cozinharem casa

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As primeiras coisas que se foram ouvindo eram animadoras - com especial relevo para os elogios ao elenco - e quando se pôde tirar a prova confirmou-se aquilo e mais. «As Serviçais» é um filme bom, muito bem feito do principal aos pormenores, é um filme muito cuidado no seu todo, que tem muitos pontos bons para nomear e sem pontas soltas de crítica por onde se possa querer pegar.

Um elenco numeroso e de resultado rico é uma das boas coisas deste filme a destacar das outras, pois, de facto, era essencial ter desempenhos à altura para representar e vincar no ecrã personalidades tão diferentes dentro de um mesmo grupo de pessoas antagónico de outro grupo composto por outras pessoas também bastante diferentes entre si.

E também vale a pena nomear uma mão cheia de actrizes que transmitem os mais díspares carácteres e estados de ânimo, como o fazem Viola Davis, Emma Stone, Bryce Dallas Howard, Octavia Spencer ou Jessica Chastain. É um caso em que tais personagens a interpretar, assim vincadas, são uma boa ajuda para uma actriz conseguir um bom desempenho, mas, ao mesmo tempo, é preciso conseguir aguentar a parada.

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Ao ver «As Serviçais» é difícil não nos lembrarmos de «Longe do Paraíso» de Todd Haynes, por exemplo. Mas sem entrar em grandes comparações redutoras - porque podem fazer-se coisas do mesmo género com identidade própria. E aqui, obviamente, é o que acontece: o ponto de intersecção é a qualidade de filmes diferentes com ambientes parecidos e ambos muito bem feitos.

Elenco, guarda-roupa, argumento, filme... São vários e distintos os motivos para imaginar o filme de

Tate Taylor

catadupa

A evolução social e a - intrínseca na génese daquela - evolução de mentalidades colocam esta época dos anos 1960 dos Estados Unidos, no estado do Alabama, à distância suficiente para ver esta história como algo que já foi assim, mas agora já não é - mesmo fazendo a reserva necessária de que a estupidez humana é transversal às várias épocas e mudar não significa sempre mudar de todo.

Mas é também este distanciamento entre a realidade que se vive hoje e a que se conta que permite a Taylor conjugar (e ele fá-lo magistralmente) momentos de tal violência comportamental - como a humilhação gratuita de uma pessoa - com momentos de humor e de gargalhadas partilhados com a personagem em questão.

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E aqui se volta à história - dita por um excelente argumento - de patrões racistas, empregadas socialmente abusadas e pessoas normais (as que têm essa sorte) que tentam lutar contra um estado de coisas assim - em plena luta pelos direitos civis. As expressões de dor, de riso, de vitória, de derrota são algo do que perdura para depois do filme a par desta mensagem que (à luz dos dias de hoje) nos faz perguntar como era isto possível - mas para cuja pergunta (fruto da mesma iluminação) sabemos que temos a resposta.

«As Serviçais» («The Help»)

Tate Taylor

2011, EUA

146m

Estreia em Portugal: 5-10-2011

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