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Desvalorização do euro pode beneficiar exportadores europeus

Moeda atingiu mínimos face ao dólar

As recentes pressões dos mercados sobre as dívidas soberanas têm provocado uma desvalorização da moeda única desde o início deste ano, tendo atingido esta semana os mínimos deste ano face ao dólar.

O euro tem saído prejudicado nos mercados internacionais pelas dificuldades da economia da Grécia e pelo nervosismo que se alastrou aos mercados, com os investidores a recearem o contágio a países com maiores dificuldades nas suas contas públicas, como Portugal, Espanha ou Irlanda, avança a Lusa.

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No entanto, a desvalorização da moeda única pode potenciar ganhos no comércio internacional de alguns países.

Com a criação da moeda única, a política monetária deixou de estar nas mãos dos bancos centrais dos países que aderiram ao euro, passando para o Banco Central Europeu.

Os países deixaram de poder emitir nova moeda, o que lhes tolheu qualquer política e a possibilidade de ajustar a sua moeda, tornando assim os seus produtos mais atrativos e o país mais 'barato'.

A forte valorização do euro face ao dólar pressionou as exportações de vários países, principalmente os mais virados para fora da região, e diminuiu a competitividade de países como Portugal. Com este movimento, alguns ganhos podem surgir.

«De facto, desde o final do ano passado, o euro tem vindo a depreciar nos mercados cambiais, nomeadamente em relação ao dólar norte-americano. Esta desvalorização do euro ajuda a aumentar a competitividade internacional dos países europeus», considera João Loureiro, Professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto.

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«A desvalorização do euro é particularmente benéfica para os países que mais exportam para fora da união monetária. Um dos países que mais beneficia com esta evolução cambial é a Alemanha, porque exporta muito para fora da Europa», acrescenta.

Portugal não deve beneficiar, diretamente pelo menos, desta desvalorização porque mais de três quarto das exportações são para países da zona euro.

«Mas há benefícios indiretos: se, por exemplo, a Alemanha crescer muito em virtude da depreciação do euro, nós ganhamos com o aumento das nossas exportações para a Alemanha porque, entretanto, os alemães vêm comprar mais bens e serviços ao nosso país», considera João Loureiro.

João Gomes, economista da Universidade da Pensilvânia (EUA) explica que «no curto prazo, [a desvalorização] aumenta artificialmente a competitividade das nossas exportações e ajuda o emprego e a produção nesses sectores. Num período de crise como em 2008/2009 essa depreciação da moeda ajudou sem dúvida a mitigar um pouco a crise».

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A desvalorização da moeda, apesar de poder ser benéfica para alguns países no curto prazo, pode ser um mau índice a longo prazo.

«A prazo, uma moeda fraca é apenas um sintoma duma economia fraca e pouco competitiva» resume o economista.

A verdade é que, segundo o líder da AICEP, Basílio Horta, «houve um aumento muito grande, em janeiro e fevereiro, das exportações para os Estados Unidos, muito baseado em combustíveis e derivados do petróleo», devido à desvalorização do euro face ao dólar.

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