O presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) disse hoje que conheceu a medida de resolução que ia ser aplicada ao Banif no fim de semana em que a mesma aconteceu, graças "à amabilidade" de Mário Centeno.
"Durante o fim de semana o senhor ministro das Finanças teve a amabilidade de me informar", disse Carlos Tavares aos deputados da comissão parlamentar de inquérito ao Banif, onde está hoje a ser ouvido.
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Depois, o responsável da CMVM declarou que não foi informado nem acompanhou as negociações para a venda - em cenário de resolução - da atividade bancária do Banif ao Santander Totta.
"A negociação era entre um acionista, neste caso o Estado, e um possível comprador", sustentou, retirando a CMVM do acompanhar dessa transação.
Carlos Tavares disse ainda que aquela entidade não suspeita de crimes com negociações de títulos do Banif na bolsa de Lisboa no período anterior à resolução do banco.
Falando na comissão parlamentar de inquérito sobre o banco, Carlos Tavares reconheceu que em dezembro houve uma "negociação mais intensa" dos títulos, mas sem indícios de crime de abuso de informação privilegiada.
"A alteração [da intensidade de transação de ações] não sugere a existência de abuso de informação privilegiada, pelo menos daquilo que apurámos até agora", vincou o responsável.
Carlos Tavares foi ouvido desde o final da tarde até perto das 21:30 na comissão de inquérito à gestão do banco, naquela que foi a oitava audição dos parlamentares.
A 20 de dezembro passado, um domingo, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif, com a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros ativos - incluindo 'tóxicos' - para a nova sociedade veículo.
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