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1- Mariana Mortágua Entre tantos banqueiros, administradores, gestores e políticos de peso, poucos esperariam que a grande figura desta comissão de inquérito fosse uma deputada. Pelo estilo calmo, mas incisivo, pela pertinência das perguntas, mas também das críticas, e sobretudo pelo domínio dos temas, Mariana Mortágua protagonizou alguns dos melhores momentos das audições e tornou-se uma estrela à escala da Bloomberg.
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deixar o ex-presidente do BES sem respostaPUB
2- Zeinal Bava «Em sã consciência, não sabia», «não conheço», «não consigo precisar», «não tinha de saber», «lembro-me vagamente», «não tenho memória». As palavras repetiram-se tantas vezes que levaram os deputados à exaustão... e à ironia.
3- O contabilista O nome de Francisco Machado da Cruz foi revelado por Ricardo Salgado na última entrevista que deu antes do colapso do BES/GES. Os 1,3 mil milhões ocultados das contas da ESI tinham, a partir daí, um autor menos conhecido da opinião pública. Na comissão de inquérito, o banqueiro assegurou que nunca lhe deu «instruções» para maquilhar o passivo da holding do grupo. A culpa era do contabilista. Ora, faltava ouvir, então, o contabilista. A audição foi, durante algum tempo, um suspense. Machado da Cruz estaria fora do país, Salgado já nem o via «há meses». Um dia depois da sugestão de fuga, Francisco Machado da Cruz ligou ao presidente da comissão de inquérito e disponibilizou-se a falar, desde que à porta fechada.
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4- Pedro Queiroz Pereira Estilo descontraído e brincalhão. Linguagem espontânea e informal. O dono da Semapa foi chamado à comissão de inquérito por ter sido o primeiro a denunciar os problemas no GES. Pela ligação que manteve durante muitos anos com o grupo, o testemunho estendeu-se às qualidades (e defeitos) de Ricardo Salgado, com quem se tinha zangado pelo controlo do Grupo Queiroz Pereira.
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Esta audição ficou sobretudo marcada pelo recado para Ricardo Salgado, que se aproximou das irmãs de Pedro Queiroz Pereira para aumentar a sua participação no grupo deste. As irmãs do ex-presidente do BES, segundo o dono da Semapa, é que «ficam à noite em casa a fazer bolos para vender em restaurantes» e Salgado não as defende. Meses depois, teve a resposta.
5- Álvaro Sobrinho O «buraco» de Angola esteve quase sempre presente nas audições. Na verdade, «buraco» não será bem específico. Como Álvaro Sobrinho fez questão de frisar aos deputados, «apresentem-me números». Falamos então de 5,7 mil milhões de euros de créditos concedidos pelo BES ao BESA, 3,3 mil milhões dos quais nunca foram recuperados. O ex-presidente do BESA seria então uma peça-chave a ouvir. Sobrinho admitiu mesmo ser «culpado» pelo pedido de concessão destes créditos, mas rejeitou ter obrigado os responsáveis do BES a aprová-los. Ora, mais do que uma assunção de culpa, os deputados esperavam descobrir onde foi parar este dinheiro. E aqui esbarraram numa parede inquebrável: o sigilo bancário em Angola. Esta audição foi, então, uma longa recordação de que Álvaro Sobrinho até sabe quem recebeu créditos e não os pagou, mas alega não poder dizer. Nessa altura, já as notícias davam conta que parte do dinheiro terá ido parar a offshores relacionadas com o próprio Sobrinho, Ricardo Salgado e Morais Pires. Uma sugestão, admitida depois na auditoria encomendada pelo Banco de Portugal, que faz o ex-presidente do BESA sorrir.
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