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Faria de Oliveira «muito confiante» que bancos não vão precisar de nova ajuda

Presidente da Associação Portuguesa de Bancos fez um balanço do impacto dos três anos de ajuda externa no setor bancário

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Faria de Oliveira, está «muito confiante» que a banca portuguesa não necessitará de recorrer novamente a ajudas estatais, frisando que é necessário aguardar pela divulgação dos resultados do exercício do BCE.

«Eu tenho esperanças que tal não venha a ser necessário. Obviamente, só depois do exercício é que poderemos ter a certeza disso», afirmou o responsável, depois de questionado sobre a matéria numa entrevista concedida à agência Lusa.

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«Gostaria que, no caso de haver alguma instituição com alguma necessidade de aumento de capital, as condições de atratividade do país e do sistema bancário já permitissem que isso pudesse ser coberto pelo setor privado», realçou.

Faria de Oliveira disse que é necessário «ver o que é que o exercício vai dar», algo que acontecerá após o verão, quando o Banco Central Europeu (BCE) divulgar os resultados da análise completa feita aos maiores bancos europeus. E reforçou: «Com toda a franqueza, eu estou muito confiante que não venha a ser necessário, mas, só no fim é que se sabe».

O trabalho desenvolvido nos últimos três anos pelos bancos envolvidos no exercício do BCE é elogiado pelo presidente da APB, que aplaude também o trabalho feito pelo Banco de Portugal ao nível da supervisão.

«Bancos são vítimas e não responsáveis pela crise»

Fernando Faria de Oliveira considerou que a banca portuguesa foi vítima e não responsável pela crise da dívida soberana, já que foi fortemente afetada pela situação das finanças públicas do país. «Em Portugal, os bancos são vítimas e não responsáveis pela crise», afirmou o responsável.

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«O que aconteceu foi que a crise da dívida soberana veio afetar as instituições bancárias. Isto é, não foi a banca que foi responsável pela crise que o país atravessou, foi a crise que teve um efeito de contágio nas instituições bancárias», disse.

E acrescentou: «Os bancos foram afetados em termos do seu rating [notação da dívida] com a descida do rating da República. Os bancos deixaram de ter acesso aos mercados internacionais devido à situação do país e, posteriormente, vieram a sofrer os efeitos da crise económica gravíssima, que se revelaram principalmente no aumento das taxas de incumprimento e na necessidade de registar fortes imparidades»

«Preferia um programa cautelar»

O presidente da APB considera que Portugal terá condições de renegociar a dívida, aumentando prazos e baixando juros, mas que para isso terá de apresentar melhorias na economia e de consolidar as finanças públicas.

«Para pagar a dívida nas condições atuais temos de almejar um crescimento económico superior a 3% ao ano, acima do previsto para os próximos dois a três anos. Estou profundamente convicto que, à medida que economia portuguesa for progredindo e que a confiança na disciplina orçamental do país for sendo consolidada, vão seguramente ser criadas condições para ir revendo a nossa dívida, quer em termos de prazo quer em termos de taxa de juro», disse Faria de Oliveira.

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A acontecer, a negociação deverá ser feita com os credores oficiais, União Europeia e Fundo Monetário Internacional (FMI), considera Faria de Oliveira.

Já uma reestruturação da dívida está «completamente fora de causa» uma vez que, considera, quando Portugal está a passar por «uma das crises mais intensas dos últimos anos e isso seria absolutamente fatal» para o país.

Sobre o tipo de saída de Portugal do programa de ajustamento, que será anunciada nos próximos dias pelo Governo, o ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Faria de Oliveira foi claro, assumindo que «preferia um programa cautelar».

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