A associação de clientes do Montepio Geral Salvem o Pelicano reuniu-se esta terça-feira com o responsável de supervisão do Banco de Portugal a quem pediu escrutínio para assegurar a efetiva separação entre a associação mutualista e o banco.
Segundo o presidente da associação Salvem o Pelicano, Luís Varennes, o encontro de cerca de uma hora de hoje de manhã entre a vice-presidente da associação, Eunice Cabral, e o diretor do Departamento de Supervisão Prudencial do Banco de Portugal, Carlos Albuquerque, serviu para ser mostrada preocupação para com a equipa que irá assegurar nos próximos anos a gestão do banco mutualista.
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“Esta lista não responde aos objetivos de independência das duas instituições [Caixa Económica e Associação Mutualista]. A promiscuidade vai continuar até porque a lista é nomeada pela associação mutualista”, afirmou Varennes à Lusa.
Félix Morgado, ex-responsável da Inapa, irá substituir Tomás Correia, que deixa de presidir aos Conselhos de Administração de ambas as entidades e fica exclusivamente na liderança da associação mutualista.
De acordo com os estatutos, a reunião magna será apenas composta pelos órgãos sociais da Associação Mutualista, ou seja, será restrita a cerca de 20 pessoas.
Após a eleição da nova equipa de gestão da Caixa Económica Montepio Geral, o Banco de Portugal terá 30 dias para se pronunciar e Luís Varennes disse esperar que o supervisor analise “cuidadosamente” e faça um real "escrutínio" dos nomes que serão eleitos.
Da reunião de hoje, acrescentou, a associação Salvem o Pelicano ficou com a ideia de que a entidade liderada por Carlos Costa está “preocupada em assegurar a independência dos órgãos sociais da Caixa dos órgãos sociais da Associação Mutualista”.
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O Montepio tem sido motivo de notícia nos últimos meses devido a alterações nos seus estatutos, até por imposição da nova legislação que aperta as regras das caixas económicas, e de polémicas relacionadas com a atuação do banco e da relação com o seu principal acionista, a Associação Mutualista. Isto tem tido impacto também na liquidez do banco, com saídas de depósitos, e criado um clima de conflito interno, com alguns associados a contestarem a gestão de Tomás Correia, caso do movimento Salvem o Pelicano.
Entretanto, no final de julho, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) confirmou que recebeu documentação do Banco de Portugal relativo à Caixa Económica Montepio Geral, matéria que está a ser alvo de análise.
Dias antes, o jornal Público tinha avançado que o Banco de Portugal tinha feito uma denúncia ao Ministério Público contra a Caixa Económica Montepio Geral, por não ter cumprido os procedimentos legais exigidos de comunicação imediata às autoridades perante transações financeiras internacionais, suspeitas de indiciarem crimes de branqueamento de capitais. Então, o Montepio ameaçou processar o jornal.
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