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O ex-administrador financeiro (CFO) do Banco Espírito Santo, Amílcar Morais Pires, tido como braço direito do ex-presidente do BES, disse que fez «sempre fé em Ricardo Salgado» quanto ao convite para suceder-lhe na liderança, ou seja, passar a CEO, garantindo que não teve «qualquer interação» com o governador do Banco de Portugal. É precisamente ao supervisor da banca a quem atira a culpa pela «incerteza» que se gerou por causa da demora na sucessão, que veio a caber a Vítor Bento. E essa «incerteza» gerou «stress». Tudo se refletiu na «volatilidade das ações» e na «fuga de depósitos». Podia ter sido tudo diferente, alega, porque ele próprio diz que alertou para a «tempestade perfeita» ainda a 11 de julho e que
«Para os investidores internacionais, muitos dos quais tinham participado no aumento de capital - e com alguns dos quais eu tinha contacto -, ficaram com incertezas em relação à liderança, o que se refletiu de imediato na volatilidade das ações», explicou. Adiantou também que, por causa disso, propôs reunir o grupo de gestão de crise do banco, a 2 de julho, para ativar o plano de contingência, «que tem como principal elemento de análise o risco de liquidez». «No plano das ações a desenvolver, estava prevista coordenação com o BdP. Entretanto, no dia 4 de julho, anunciaram Vítor Bento para presidente». Nesse entretanto, tudo piorou, alega.
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«Este conjunto de fatores criou uma situação de stress no BES caracterizada pelo aumento significativo da volatilidade nas ações e também nas obrigações emitidas e no início da fuga de depósitos»
O ex-CFO do BES citou, também, o «famoso» comunicado feito aos mercados no dia 10 de julho sobre a exposição direta e indireta do BES à Espírito Santo Financial Group SFG e ao GES não financeiro. «Nesta fase começaram a sentir-se também manifestações de preocupação dos clientes junto dos balcões de Portugal e em Espanha já começava a fuga de depósitos», indicou.
«Recapitalização privada foi oportunidade perdida»
No dia seguinte, 11 de julho, Morais Pires reforçou os alertas. De saída do banco, nesse dia, foi embora consciência tranquila, dizendo que fez tudo o que devia:
«Alertei de forma clara e inequívoca que o banco estava em situação de stress» (...) «São n situações, à terceira vez, até lhe chamo a tempestade perfeita»
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«Estando a Blackstone comprometida a fazê-lo. Aconselho vivamente os senhores deputados a lerem esta ata». O fim de semana de 12 e 13 de julho era «a última oportunidade» e «perdeu-se». «As atas eram entregues ao Banco de Portugal. Os acionistas de referência iriam fazer as diligências necessárias. Eu tinha consciência que fiz tudo»
Confirmou, sim, que a 18 de junho ele o convidou para a assumir a liderança do BES, «com o apoio da ESFG»
Acho que não tinha de desaparecer«Nunca tive nenhuma conversa com o senhor governador sobre isto. Fiz sempre fé em Ricardo Salgado. Não tive nenhuma interação. Fiz fé sempre no convite que o Dr. Ricardo Salgado me fez. A minha missão era só completar o mandato que terminava no final de 2015, assegurando a fase de transição» com «a família Espírito Santo a afastar-se progressivamente»
Morais Pires salientou, igualmente, que viu a sua carreira interrompida ao fim de quase 30 anos e que não é «o dono disto tudo». «Não sou um faz tudo».
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