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Horta e Costa «empurra» venda da ESCOM para Salgado

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Segundo o administrador da ESCOM, a empresa esteve em «gestão corrente» até «um dia» ter «acordado» e o seu acionista ter «desaparecido em combate». Sobre a avaliação que foi feita pelo BESI na altura da suposta venda, diz que foi «um bocadinho salgada», usando o nome de Ricardo Salgado como trocadilho

Mais tarde, o administrador da ESCOM personalizou em Ricardo Salgado este negócio. Apesar desse contrato de venda da ESCOM, esta nunca chegou a acontecer e a empresa continua a ser dos «mesmos acionistas», pelo menos «tanto quanto a gente sabe». Segundo Horta e Costa, o acionista maioritário continua a ser o GES, através da ES Resources. «Talvez tenha havido mudanças de controlo dentro do GES», continuou, mas «estou convicto que o acionista é a ES Resources». Mais tarde, afirmou que a ESCOM «está vivamente à procura de um parceiro». Entre o contrato assinado e o colapso do GES, Luís Horta e Costa diz que se passou um período em que foi «como o D. Sebastião», porque «nunca apareceu ninguém». Luís Horta e Costa garante que teve «várias conversas com membros do GES», em que os questionou se já tinham vendido a ESCOM. Mas a sua administração «nunca teve uma palavra a dizer sobre a avaliação da ESCOM», tendo até tentado «chamar a atenção» da administração do GES. , constatou. Enquanto administrador da ESCOM, Luís Horta e Costa assume, no entanto, algumas responsabilidades. Segundo Horta e Costa, «a responsabilidade de grande parte do passivo da ESCOM foi a atividade mineira».

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Luís Horta e Costa responsabiliza a administração do Grupo Espírito Santo, sobretudo Ricardo Salgado, pela venda da ESCOM à Sonangol, que não veio a confirmar-se. No entanto, admite que o negócio era «uma boa notícia» para esta empresa do GES.  

«Todas as negociações não são feitas pela administração, são feitas pelos acionistas. Aquilo que eles decidem, muitas vezes, a administração desconhece. Segundo nós sabemos, houve um contrato assinado a 28 de dezembro de 2010 com uma empresa que, para mim, representava a Sonangol [referia-se à Newbrook]. Na administração da ESCOM, víamos como uma boa notícia que a Sonangol entrasse no capital da ESCOM».

«Ricardo Salgado tentou, convictamente, vender a ESCOM. Fez tudo o que podia e o que não podia. Acreditou que ia vendê-la, até certa altura, em que foi apanhado por certas surpresas que não conhecia, ou calculou mal, em relação ao BESA. E aí o negócio deixou de ser a ESCOM para ser outra coisa qualquer».

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«Era uma situação complicada, porque achávamos que a empresa teria sido vendida. Tivemos dificuldades porque, depois do contrato, entrámos em gestão corrente, não podíamos fazer nada. Até ao dia em que acordámos com o nosso acionista maioritário [o GES] desaparecido em combate, tendo implodido, tínhamos esperança que alguma coisa acontecesse. Fosse a Sonangol, fosse a Newbrook…»

«Não estamos a sacudir a água do capote. Já vi isso aqui e já chega»

​De acordo com um documento do Banco de Portugal, o valor de venda era de 483 milhões de dólares. Horta e Costa assegurou que os administradores da empresa não fizeram esta avaliação, nem concordavam com ela. «Tínhamos consciência do valor e potencial da ESCOM. Não achávamos ideal, dado as dificuldades do GES, haver prémios de controlo em cima de uma avaliação já de si difícil de sustentar. Era esticar a corda.  Achávamos uma coisa um bocadinho salgada», ironizou, levando a risos na sala.

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Essa avaliação foi feita pelo BESI, a pedido da Rioforte. A ESCOM terá então passado da ES Resources para a Rioforte. Depois, mais tarde, a empresa «voltou para a ES Resources» e ia ser vendida à Sonangol através do «veículo» Newbrook.

Mais tarde, Luís Horta e Costa fez novas críticas a esta avaliação feita pelo BESI.

«Não gostámos muito da maneira como a avaliação apareceu feita e as áreas de negócios a que era atribuída. Estavam a avaliar a ESCOM em cerca de 900 e tal milhões dólares nessa altura e havia um passivo de 300 milhões. A nós [administração da ESCOM] parecia-nos um bocadinho difícil. Teria dificuldade em defender este número aos novos compradores, mas nunca os vi».

«A gestão da ESCOM foi responsável numa coisa. Talvez tenhamos dado passos maiores do que as pernas e talvez tenhamos sido demasiado ambiciosos nos investimentos que fizemos em África».

Não recebe salário desde agosto

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Mais tarde, durante a audição, o administrador da ESCOM insistiu que a empresa «continua a trabalhar em Angola», ainda que com «graves dificuldades» em pagar salários aos 1200 trabalhadores.

«Nós ainda estamos vivos e continuamos a pagar salários em Angola. Já a mim, devem-me salários desde agosto», ou seja, desde a medida de resolução que terminou com o BES.

Na mesma audição no Parlamento, Luís Horta e Costa explicou o negócio dos submarinos e a distribuição de 27 milhões de euros em prémios, admitindo que a ESCOM montou um «puzzle financeiro» para «aproveitar» uma amnistia fiscal.

Sobre o colapso do GES, o administrador da ESCOM não acredita que tenha sido culpa «de um só», ou seja, apenas de Ricardo Salgado.   

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