No conselho superior do Grupo Espírito Santo (GES), não se decidia nada. Apresentavam-se decisões já tomadas, disse esta quarta-feira, na comissão de inquérito ao Banco Espírito Santo e ao GES, o ex-administrador Pedro Mosqueira do Amaral. E por quem? Por Ricardo Salgado:
«As decisões eram apresentadas e já estavam em vigor». «Quem diz que o conselho superior era o núcleo onde eram tomadas todas as decisões do GES, lamento dizer que não era assim»
«Mas por quem?», insistiu por duas vezes a deputada. «Pelo Dr. Ricardo Salgado», acabou por responder.
No final da primeira ronda, respondendo a Paulo Rios de Oliveira, do PSD, disse que a gestão era «centralizada numa só pessoa»: o ex-presidente do BES. Isto na sequência de uma questão sobre a rivalidade entre Salgado e Ricciardi (presidente do BESI). Mas «ambos tinham acesso à informação que eu nunca tive», assinalou.
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Mesmo em relação a decisões não tomadas, pelo que diz, Salgado era difícil obtê-la. Contou o episódio do eventual interesse de investidores venezuelanos, de que o ex-presidente do BES terá dado conta na reunião de 7 de novembro, Mosqueira do Amaral adiantou que quis saber mais, sem sucesso: «Se teve acesso a essa gravação, deve ter percebido que não recebi resposta» sobre quem eram realmente esses investidores. «Não sabia quem eram, não os conhecia», disse, desta feita ao deputado do PCP Miguel Tiago.
O mesmo em relação à prenda de 14 milhões de euros que Ricardo Salgado terá recebido do construtor José Guilherme. Este tema foi trazido à audição por Paulo Rios de Oliveira (PSD) questionando Pedro Mosqueira do Amaral: Se «a resposta não foi satisfatória, por que é que não voltou a perguntar?».
«A resposta que recebemos foi: 'Isto é um assunto pessoal, que não tem nada a ver com o grupo e com o banco'». «Pediu respeito para não entrar nessa conversa'». «Uma resposta destas, primeiro foi uma comissão, depois foi um presente, o que é que quer que eu diga?»
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