O antigo administrador do BES António Souto disse esta terça-feira que Ricardo Salgado pôs em prática várias operações sem o consentimento dos órgãos competentes do banco. Souto não usou meias palavra para classificar esse comportamento.
«Houve uma série de operações que foram ilegitimamente aprovadas pelo Dr. Ricardo»
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António Souto refere-se às chamadas operações de margin calls para a Nomura, no valor de 120 milhões de euros. As margin calls obrigam os bancos a prestar mais colaterais, incluindo nas operações de financiamento activas, para o mesmo valor de empréstimo pedido, ou a compensar a diferença em dinheiro.
«Penso que ele [Salgado] até já explicou que era para evitar um mal maior, um crash»
operação feita «à margem» pela Espírito Santo Financial Group (ESFG)«Há juristas que consideram que são cartas de garantia e outros que consideram que são cartas de conforto. De qualquer forma, as duas são ilegítimas. Não podiam ter sido emitidas sem a aprovação dos órgãos do banco»
Sobre o que devia e não devia ter sido feito no grupo e no banco, sintetizou: «Primeiro, não se devia ter adulterado as contas. Depois, deviam ter sido informados os administradores do banco que o problema existia na ESI, da parte de quem eram os responsáveis do banco. Não se devia ter vendido papel comercial, como era evidente, e devia ter-se tentado fazer a gestão de conflitos de interesse de outra maneira».
Sobre este último produto, António Souto confessou que ficou «perplexo e preocupadíssimo», mesmo «aterrorizado». «Não tinha a mínima noção de que havia aquele valor de papel comercial distribuído aos balcões em tão pouco tempo», conta, revelando que teve uma conversa ao telefone com José Manuel Espírito Santo Silva, na qual manifestou esse sentimento.
Teve, também, «uma conversa» com Ricardo Salgado que, o «tranquilizou», dizendo «que estavam a ser tomadas todas as medidas para resolver o problema que tinha sido desagradável».
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