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Greve geral: «Perder um dia de salário é investir no futuro»

Líder da CGTP acredita que greve vai ter boa adesão. E diz que trabalhadores «não são arruaceiros»

Perder um dia de salário para fazer greve geral é um investimento para manter direitos que nos foram legados e que devem ser transmitidos para as gerações mais novas. É o que defende o secretário-geral da CGTP.

«É verdade que hoje custa muito perder um dia de salário. Mas é um investimento para defender os direitos que nos deixaram e que devemos deixar para os nossos filhos», disse Arménio Carlos, em entrevista à agência Lusa, para quem, apesar das dificuldades económicas que os portugueses enfrentam, os trabalhadores perdem mais não aderindo à greve geral de quinta-feira para poupar o dia de salário.

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«O que temos é incomparavelmente mais valioso que o salário que se perde num dia de greve geral», defendeu, referindo que seriam perdidas centenas de milhares de euros a médio prazo caso o Governo concretize a redução das indemnizações, do pagamento do trabalho extraordinário, a eliminação de sete dias de descanso e a facilitação dos despedimentos.

Desafiou cada trabalhador a fazer as contas do seu caso particular com a convicção de que facilmente iria concluir que, caso a proposta do Governo de revisão da legislação laboral vá para a frente os trabalhadores do setor privado perderiam em média quatro ou cinco salários enquanto os do público perderiam, além dos subsídios de férias e de Natal, dois ou três salários. «Por isso, aderir à greve geral de quinta-feira, mais que agir no imediato, é pensar no futuro».

O novo secretário-geral da CGTP acredita que a greve vai ter uma boa adesão. «Há um bom sentimento relativamente à disponibilidade para participar». «Há uma grande compreensão dos trabalhadores relativamente aos motivos da greve».

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E, «curiosamente são os trabalhadores mais jovens que assumem que é difícil lutar mas também assumem que não podem deixar de fazer greve porque têm filhos pequenos em casa e temem ser acusados mais tarde de não ter tido coragem para lutar para lhes transmitir alguns dos atuais direitos laborais e sociais».

Trabalhadores «não são arruaceiros»

A CGTP admite continuar a protestar, à semelhança do que tem vindo a acontecer na Grécia, mas condena «todas as atitude de vandalismo» e garante que os trabalhadores «não são arruaceiros».

«Não estamos cá para destruir, estamos cá para construir e não aceitamos e condenaremos e atuaremos contra todas as atitudes de vandalismo que eventualmente possam pôr em causa os direitos de outros e, simultaneamente, o património de outros».

Arménio Carlos garantiu ainda que não é intenção da central sindical vulgarizar o recurso à greve geral mas considerou não haver alternativa senão responder com esta forma de luta ao «pacote laboral» do Governo.

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«Vulgarizar a greve geral, longe de nós tal ideia, não queremos que tal aconteça». «Mas estamos perante um problema que nos colocaram. É o Governo que faz a agenda política e decidiu rever agora a legislação laboral, tanto para o setor público como para o setor privado. E nós temos de dar uma resposta».

O secretário-geral da CGTP reconhece que está mais exposto ao mediatismo desde que foi nomeado líder da central sindical, mas garante que mais importante que o cargo que ocupa, é dar voz aos que mais precisam.

«Do ponto de vista mediático, por norma, as pessoas que assumem responsabilidades como secretários-gerais ou presidentes são sempre mais solicitados a fazerem declarações para a imprensa, mas isso não invalida todo um trabalho coletivo que está na retaguarda dessas mesmas declarações».

Depois, Arménio Carlos reconheceu que as alianças sociais são uma aposta estratégica para a CGTP, a par das ações de protesto, para tentar fazer passar as suas propostas e reivindicações.

«As alianças sociais são muito importantes para tentar afirmar as nossas propostas alternativas às políticas que contestamos, por isso fazemos rondas pelos partidos, órgãos de soberanias e outras entidades da sociedade civil à procura de posições de consenso e de soluções para o país».

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