A Comissão Europeia lamenta não ter ainda o plano orçamental de Portugal para 2016, uma situação inédita, embora compreenda o “contexto político complicado”, disse hoje, em Bruxelas, o comissário europeu dos Assuntos Económicos.
Pierre Moscovici, que apresentou hoje, juntamente com o comissário do Euro, Valdis Dombrovskis, os pareceres da Comissão sobre os anteprojetos orçamentais dos países da zona euro, apontou que o pacote abrange apenas 15 dos 19 Estados-membros do espaço monetário único.
Isto porque “o parecer sobre o projeto espanhol já foi adotado a 12 de outubro, Chipre e Grécia estão sob programa, e há uma situação específica, a de Portugal, que não enviou o plano”, disse, citado pela Lusa.
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“Sublinho que é a primeira vez que tal acontece. É uma situação que podemos compreender, atendendo ao contexto político complicado, mas que também é lamentável. Pedimos ao novo Governo português, assim que estiver em funções, que nos faça chegar o seu plano o mais rapidamente possível”, declarou Moscovici.
O vice-presidente da Comissão Europeia lembrou que, em casos de eleições nacionais, o procedimento habitual é os Estados-membros apresentarem “esboços” de planos orçamentais num cenário e políticas inalteradas, algo que Portugal não fez, o que constitui “uma situação sem precedentes”.
Dombrovskis sublinhou ainda que qualquer decisão de Bruxelas sobre uma saída de Portugal do procedimento por défice excessivo – que nunca será tomada antes da primavera – só é possível se a Comissão tiver em sua posse os planos orçamentais do país, para avaliar tanto a situação de 2015 como a do próximo ano, e constatar “se o défice orçamental está realmente abaixo dos 3% do PIB [Produto Interno Bruto]” e se a tendência é nesse sentido.
De acordo com as regras do “semestre europeu” de coordenação das políticas económicas, os países do Euro devem apresentar os seus anteprojetos orçamentais para o ano seguinte até 15 de outubro, mas o Governo português decidiu adiar a apresentação do documento devido às eleições legislativas de 04 de outubro.
Portugal foi o primeiro país a falhar o prazo de entrega do plano orçamental para o ano seguinte desde a entrada em vigor do duplo pacote legislativo de reforço da supervisão orçamental na área euro (o chamado 'two pack'), em 2013, e continua sem remeter o documento a Bruxelas, face à situação política no país, após 'a queda' do Governo PSD/CDS-PP.
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