A economia portuguesa deverá cair este ano cerca de 3 por cento, prevêem os economistas, que acreditam que o Banco de Portugal deve rever esta terça-feira em baixa a projecção de quebra de 0,8%.
«É evidente que a previsão anterior [do Banco de Portugal] já está desactualizada», afirmou o ex-ministro das Finanças, Silva Lopes, admitindo que o Produto Interno Bruto (PIB) possa «descer 3%».
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O ex-governador do Banco de Portugal justifica que «a previsão de crescimento na União Europeia (UE) passou a ser muito pior» que era no início de Janeiro, quando o Banco de Portugal divulgou a previsão de quebra do PIB de 0,8%, acrescentando que a UE é o «principal mercado para as nossas exportações e isso afecta-nos enormemente», escreve a Lusa.
Apesar de avançar com uma previsão, Silva Lopes salienta que o Banco de Portugal - que divulga esta terça-feira o Boletim Económico de Primavera - tem melhores instrumentos para fazer uma avaliação da situação.
BES projecta quebra de 3% e BPI aponta para recuo de 2,5%
Ainda assim, as contas do BES, do BPI e do Montepio apontam no mesmo sentido. O departamento de research do banco de Ricardo Salgado projecta uma quebra do PIB «em torno de 3%». O BPI aponta para um recuo de 2,5% e o Montepio aposta numa quebra de 3,3%.
O cenário divulgado pelo Banco de Portugal no Boletim de Inverno «está bastante desactualizado», afirmou o economista-chefe do Montepio, Rui Serra, considerando «pertinente» revê-lo.
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O economista do banco presidido por António Tomás Correia atira a previsão de recessão da economia este ano para 3,3%, com «contracções na generalidade das componentes com excepção do consumo público».
«Faz todo o sentido que haja uma revisão», devido à revisão «em forte baixa» para as expectativas das principais economias com impacto em Portugal, como a Alemanha - com as previsões mais recentes para a maior economia europeia a apontarem para reduções do PIB entre 2 e 5%-, defende o economista-chefe do BES, Carlos Andrade.
Teresa Gil Pinheiro, economista do BPI, afirma que a previsão do banco aponta para um recuo de 2,5% este ano, admitindo como «possível» que o Banco de Portugal possa aproveitar a publicação do Boletim Económico de Primavera para actualizar as previsões económicas.
Os economistas contactados acreditam que as novas previsões pressionam o Governo a rever em baixa a sua projecção, também de 0,8%.
O economista-chefe do Montepio, Rui Serra, defendeu, porém, que o Governo «internamente» já deve ter revisto o cenário macroeconómico, mas pode optar por esperar pela divulgação obrigatória de um documento para o fazer.
Até ao final de Abril, o Executivo tem de entregar na Assembleia da República as Grandes Opções do Plano.
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