Depois do adeus à troika e de o Governo ter descartado mais medidas de austeridade, pelo menos para já, restam as previsões e a esperança do Executivo que estas se confirmem, até porque 2015 é ano de escrutínio dos eleitores. E, tanto no que toca ao défice, como ao crescimento, o tamanho importa.
Os números do défice relativos a 2014 só serão conhecidos em março: a meta acordada com a troika é de um défice de 4% do PIB, que o Governo garante que vai cumprir ( tecnicamente, um défice de 4,8%, já segundo o novo Sistema Europeu de Contas).
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Mas as previsões do Governo, já reajustadas algumas vezes, não batem certo com as previsões dos credores ou da OCDE. Nem relativamente ao défice, nem ao crescimento.
A OCDE antecipa que a economia portuguesa cresça 0,8% em 2014, abaixo da previsão de 1% do Governo, e que o défice orçamental seja de 4,9%, acima dos 4,8% previstos pelo Executivo. Também Bruxelas aponta para o défice de 4,9% este ano, enquanto que para o Fundo Monetário Internacional o buraco nas contas públicas atingirá os 5% do PIB.
No Documento de Estratégia Orçamental, apresentado em abril, o Governo previa que a economia portuguesa crescesse 1,2% em 2014, mas esta estimativa foi revista em baixa em agosto aquando da apresentação do segundo Orçamento Retificativo para este ano, altura em que o Executivo passou a prever um crescimento de apenas 1% em 2014.
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De acordo com a proposta de Orçamento do Estado para 2015, o Governo aponta para um crescimento económico de 1,5% no próximo ano e para um défice de 2,7%, uma meta superior à definida com os credores internacionais durante o programa de resgate (de 2,5%).
Mas para atingir esta meta, o Estado vai ter de amealhar 1.249 milhões de euros em medidas de consolidação orçamental, que constam no OE 2015: 530 milhões de euros dizem respeito ao lado da despesa e 504 milhões de euros representam o lado da receita.
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Mas mesmo com estas medidas, os credores e as instituições internacionais estão muito céticos. Aqui, a ministra bateu com o pé e recorda que previsões são apenas…previsões.
Para 2015, a OCDE espera um crescimento de 1,3% e um défice orçamental de 2,9%, sendo que em ambos os casos as previsões são mais pessimistas do que as do Executivo em duas décimas.Também a Comissão Europeia não acredita que Portugal consiga atingir a meta do défice e também de crescimento para o próximo ano.
Previsões Crescimento | Governo | FMI | Comissão | OCDE |
2014 | 1,0% | 0,8% | 0,9% | 0,8% |
2015 | 1,5% | 1,2% | 1,3% | 1,3% |
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Bruxelas entende ainda que o OE 2015 está em risco de violar as regras europeias e pediu ao país, em novembro, que tomasse as medidas necessárias para cumprir as metas necessárias para cumprir as metas orçamentais, pedido prontamente recusado pela ministra das Finanças.
Previsões Défice | Governo | FMI | Comissão | OCDE |
2014 | 4,8% | 5,0% | 4,9% | 4,9% |
2015 | 2,7% | 3,4% | 3,3% | 2,9% |
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