Já fez LIKE no TVI Notícias?

Agricultura: crise ditou moda? O risco do esquecimento

Confederação Nacional dos Jovens Agricultores espera que atração pelo setor não seja meramente conjuntural

O balanço é «positivo». A Confederação Nacional dos Jovens Agricultores e do Desenvolvimento Rural (CNJ) destaca o «sucesso das candidaturas apresentadas e das medidas incentivadoras à instalação de jovens agricultores». Espera é que os projetos aprovados tenham continuidade e que não sejam meros escapes numa conjuntura difícil em que muitos equacionam agarrar-se à terra.

As candidaturas aos apoios do Proder estão acima de 7 mil estão a ultrapassar o que estava previsto (pouco mais de cinco mil), o que quer dizer que há uma grande procura por parte dos investidores, dos empresários do setor agrícola», disse à tvi24.pt o presidente da CNJ, Luís Saldanha Miranda.

PUB

E é positivo «não só pelo número, mas pela diversidade do tipo de projetos (áreas pouco comuns, como os pequenos frutos, os frutos vermelhos) e também ao nível de regiões com problemas de emprego (o maior número de candidaturas vêm do Norte). O setor está dinâmico e recomenda-se», conclui.

«O que esperamos disto é que os projetos de instalação sejam projetos contnuados». Que as pessoas não se atirem só por causa conjuntura, porque têm terras de família e, depois, «mal a conjuntura economica melhore sejam os primeiros a abandonar. Isso seria mau para o país».

Luís Saldanha Miranda lembra que as medidas de apoio são comunitárias. «Não são do Governo e o peso no próprio Orçamento do Estado é menor do que se pensa. Para além disso, as ajudas foram reduzidas até ao final de 2013».

Bolsa de terras: trazer a terra para o mercado

Sobre a bolsa de terras, essa sim iniciativa governamental, a CNJ recorda que a defende já desde 2005, com uma lógica de criação de emprego e desenvolvimento regional. Luís Saldanha Miranda explica: «Trazer terra para mercado. A terra é um fator de produção. Não é ocupar unicamente terras do Estado que não tenham utilização ou estejam subaproveitadas. Somos país de proprietários, mas nem todos querem ser agricultores. Há muita terra que não tem qualquer tipo de aproveitamento».

PUB

Por isso é que a CNJ defendeu, na altura, que as terras abandonadas deviam pagar um imposto crescente:ou cultivavam, ou cediam a terra para bolsa de terras.

«Faria sentido também envolver as autarquias, juntamente com as organizações cooperativas e de produtores e as universidades. Há muitas pessoas que saem com formação, mas não têm terras e/ou não têm dinheiro».

Essa é a maneira de ganhar escala para fazer face ao mercado nacional e internacional, argumenta.

E dá um exemplo: «Uma região que tem uma cooperativa que produz maçãs e que tem área de produção de 500 hectares. A ideia era que através de bolsa de terras, se temos capacidade para absorver mais 500 hectares de produção de maçãs, é muito mais fácil juntar jovens agricultores e jovens licenciados onde existisse projeto estruturante, integrado numa entidade que já está no mercado. Sem ser gastar dinheiro em mais recursos, porque eles já existem. Assim, com uma estrutura mais rentabilizada dá para pensar na exportação».

PUB

Ou seja, « tem de haver estratégia e estrutura. As cooperativas já existem, sabem onde estão os clientes». Segundo os dados disponibilizados à tvi24.pt pela CNJ, existem 297.391 produtores singulares em Portugal e 6.700 sociedades que controlam 27% da superfície cultivável.

O maior problema, aponta, é que Portugal «nunca teve uma estratégia agrícola para o país. A política agrícola sempre associada à Política Agrícola Comum (PAC), sobre «se era igual ou superior aos Estados-membros, nunca definindo o que era importante para nós».

O responsável faz notar igualmente que «os setores mais dinâmicos sempre foram os setores que sempre tiveram menos apoios. Porque o negócio valia por ele mesmo. Não era pela ajuda em si».

E, muitas vezes, não é de ajudas que o setor precisa. «Queremos é que paguem o preço justo» pelos produtos.

PUB

Últimas