Com os espanhóis a cercarem o congresso durante a noite de ontem, e confrontos com a polícia que resultaram em mais de 60 feridos, o editorial desta quarta-feira do «El Pais» é sobre Portugal, a rebelião sentida nas ruas, no passado sábado, e a forma como os manifestantes levaram ao recuo do Governo na questão da desvalorização fiscal.
Para o «El Pais», «Portugal é o primeiro rebelde entre os resgatados da Zona Euro». E explica porquê: «Uma manifestação concorrida obrigou o Governo de Pedro Passos Coelho a fazer marcha atrás nos planos de corte das contribuições sociais das empresas, que obrigavam a passar esse encargo para os trabalhadores, o que equivalia a uma redução generalizada de 7%».
PUB
«Entre os resgatados, Portugal era até agora o aluno modelo para a troika», sublinha o jornal, que aplaude a redução da taxa de risco da dívida portuguesa ou o facto de os custos unitários do trabalho estarem a melhorar. Mas a verdade é que «a recessão está a fazer demasiados estragos» e Portugal não consegue cumprir as metas do défice.
«Enfiado no espartilho do euro, Passos Coelho tentou uma desvalorização fiscal, mas encontrou uma enorme resistência nas ruas. Só o Presidente da República terá evitado confrontos, convocando um Conselho de Estado, que acabou por aniquilar os planos do Governo», pode ler-se ainda no «El Pais».
Sem mencionar o problema vivido em Espanha (mas com os protestos que invadiram as ruas ontem em Madrid é impossível não fazer comparações) para o jornal a questão que agora se coloca é se é possível suportar uma austeridade extrema sem o menor crescimento?» e se, apesar de os portugueses voltarem à rua, a «Zona Euro está disposta a contemplar outra alternativa. Hoje, não parece».
PUB