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Recessão menos má, Banco de Portugal alinha com Governo

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Recessão será de 3% e não de 3,4%. Consumo privado afunda menos. Exportações são motor que «salva» economia de números piores

As previsões são melhores (ou menos piores), mas Portugal não se livra de recessão negra este ano. Será de 3%, segundo o Boletim de Verão divulgado esta terça-feira pelo Banco de Portugal, que antevê assim uma contração inferior aos pesados 3,4% estimados na primavera, alinhando com as últimas estimativas do Governo para 2012.

Para 2013, tudo na mesma: a economia vai estagnar, embora agora a instituição liderada por Carlos Coste projete uma trajetória de recuperação ao longo desse ano, «embora insuficiente para assegurar um crescimento» em termos médios anuais.

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Se olharmos apenas para o balanço do primeiro trimestre, a queda da atividade económica foi menos acentuada do que o esperado (-2,2% do Produto Interno Bruto) em termos anuais, -0,1% em relação ao último trimestre de 2011, no qual se registou uma queda do PIB de 1,3% em cadeia e de 2.9% em termos homólogos.

O cenário para este ano e para o próximo será acompanhado de uma forte redução da procura interna e de um contributo positivo das exportações embora em «desaceleração». O BdP revê em alta o crescimento das exportações, mas o ritmo é claramente inferior ao de 2011. De qualquer modo, «salvam» a economia do pior e o BdP prevê até um excedente na balança comercial já este ano.

O consumo privado continua a manchar as previsões, embora também aqui o BdP revele uma projeção não tão má como na primavera: o consumo privado irá cair 5,6% em 2012 (antes a previsão era de 7,3%) e 1,3% (antes 1,9%) em 2013, o que compara com um recuo de 4% em 2011.

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A inflação abrandará de 3,6% em 2011 para 2,6 este ano, mas mantém «um nível relativamente elevado», sendo fortemente condicionada pelas «medidas de consolidação orçamental, em particular de alterações da tributação indireta» - leia-se, aumento do IVA - e de preços administrados. No próximo ano, a evolução dos preços abrandará para 1%.

Alerta o mesmo boletim para a provável «manutenção de uma forte moderação salarial» ainda em 2013. A evolução do rendimento disponível das famílias estará condicionada pelo impacto de medidas de consolidação orçamental e pela deterioração acentuada das condições no mercado de trabalho. Ora, neste âmbito, prevê-se que o emprego caia 3,9% este ano e 0,7% no próximo. Portugal terá praticamente um milhão de desempregados em 2013.

Preferindo jogar pelo seguro, os portugueses vão continuar a poupar mais em 2013, apesar de ser um ano menos mau. Não só motivos de precaução explicarão o aumento da taxa de poupança. Será acompanhada também pela manutenção da poupança forçada associada a amortizações de crédito.

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A procura interna recuará, no acumulado dos três anos - de 2011 a 2013 - 14%. O país registará também um «acentuado abrandamento da procura externa»: -0,2% este ano, quando antes se previa uma percentagem ainda positiva (0,6%), seguida de recuperação em 2013 (+3,5; antes +4,4%).

Em matéria de investimento, as empresas continuarão a investir menos este ano e, no que toca à construção, os números são afinal piores (queda de 12,7% em 2012 e 2,6% em 2013). Também o investimento público apresenta reduções muito significativas em 2012-2013 num quadro de consolidação orçamental.

«O balanço dos riscos inerentes às atuais projeções aponta predominantemente para a possibilidade de uma evolução da atividade económica em 2012 e 2013 mais desfavorável do que considerado no cenário central», avisa o Banco de Portugal.

As previsões hoje divulgadas não têm ainda em conta a inconstitucionalidade dos cortes nos subsídios de férias e de Natal.

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