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«Sabiam muito bem que estavam a construir um baralho de cartas»

João Salgueiro, antigo presidente da Associação de Bancos, em entrevista na TVI24

João Salgueiro, antigo presidente da Associação de Bancos, em entrevista na TVI24 esta sexta-feira, disse acreditar na recuperação do Espírito Santo e não vê o contágio da crise do GES nos outros bancos ou na reputação dos banqueiros.

Salgueiro recordou que «a crise na banca portuguesa foi inferior a muitos outros países». Reconheceu, no entanto, que «este caso é um caso mais difícil de digerir porque custa a crer que os responsáveis ¿ que eram pessoas experientes ¿ não tivessem aproveitado a oportunidade dos fundos postos à disposição de Portugal para prevenir o que tinha acontecido noutros países, uma crise financeira resultante da crise financeira nos Estados Unidos e que depois chegou à Europa atrasada».

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«Sabiam muito bem que estavam a construir um baralho de cartas, quando se vai pedir dinheiro a uma empresa do grupo para salvar outras empresas do grupo, mais tarde ou mais cedo desaba. É difícil explicar por que é que eles seguiram este caminho», criticou.

«Podiam fazer a coisa bem feita, pedindo um montante mais pequeno do que os outros. Os outros, mesmo os casos mais difíceis, estão a correr muito bem. Não era nada assim tão complicado», explicou a propósito da recusa do GES de recorrer aos fundos da troika.

«O prejuízo maior vai ser para os acionistas. Quem vai perder quase tudo são os acionistas, se não perderem mesmo tudo e alguns deles tinham obrigação de estar atentos».

«Quando se vê um grupo daqueles desmoronar-se é porque a confusão é realmente séria».

«Isto começa por tentar apagar um pequeno desvio e depois no ano seguinte há outro pequeno desvio e, às tantas, viciam-se nessas manobras de não apresentar a coisa com o rigor todo e, às tantas, é um sarilho muito grande», mas «acho que o banco de Portugal percebeu muito bem. Separou o banco das empresas do grupo».

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Tranquilo, João Salgueiro acha que o Espírito Santo vai recuperar: «Vai gente começar a comprar daqui a pouco», elogiando Vítor Bento, que «é acima de qualquer suspeita». O BES «é um bom banco tem boa clientela de empresas PMEs. Se eles recuperarem a confiança, acho que é isso que vai acontecer».

Já a figura de Ricardo Salgado entendeu que fica afetada. «Tem é que se perceber por que é que a intervenção da polícia se deu só agora» e opinou: «Não ficava bem estarem a ser investigados no exterior e as nossas autoridades ignorarem. Tinham já os dossiês preparados» e resolveram atuar.

João Salgueiro não foi ao ponto de considerar que há duas justiças, mas admitiu que «a defesa é mais profissional em quem tem meios para isso. Casos são mais bem defendidos quando as pessoas têm meios para isso», assumindo que «há pessoas que se portam bem e pessoas que se portam mal», mas que tal imagem não se deve generalizar a todo o setor bancário e banqueiros.

Salgueiro também faz fé nas palavras de Passos Coelho, de que o dinheiro dos contribuintes não vai ajudar o GES. «BCP e BPI são exemplos» de que receberam empréstimos dos fundos da troika e até pagaram mais depressa do que se pensava.

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