As taxas de juro têm tido sucessivos cortes e esta tendência ainda não deverá ter terminado. Nos Estados Unidos, as taxas directoras foram cortadas para um intervalo entre os 0 e os 25 por cento. Por cá, o Banco Central Europeu (BCE) fixou os juros nos 2,5% mas ainda há margem para novos cortes. No entanto, juros nos 0% não deverão ser uma realidade.
Segundo esclareceu o economista da Informação dos Mercados Financeiros, Filipe Garcia, à Agência Financeira, «as taxas de juro do euro deverão continuar a descer, mas juros a 0% parece-nos exagerado e seria mau sinal. Como já se viu no Japão, colocar as taxas de juro a zero é perder um grau de liberdade na definição da política monetária».
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«Pensamos que os bancos centrais estão preocupados com a saúde do sistema financeiro e mesmo das contas públicas», acrescenta.
Da mesma opinião é a economista do BPI, Teresa Gil Pinheiro que diz, «no princípio do ano, as taxas de juro poderão descer ainda mais mas as taxas de juro nos 0% não são uma perspectiva realista».
«Em alguns países, como os EUA, é já uma realidade (a taxa de juro do overnight está marginalmente acima de zero), mas na Europa não deve ocorrer esse cenário. Há diferenças estruturais, em especial o facto de não haver uma bolha imobiliária em correcção, para o conjunto da zona euro, bem como de os bancos europeus estarem numa situação mais sólida do que nos EUA», conclui o especialista do Santander, Rui Constantino.
Trichet: «nunca estamos pré-comprometidos»
Segundo disse Jean-Claude Trichet, «como costumo sublinhar, nunca estamos pré-comprometidos e faremos sempre o que for necessário para ancorar de forma sólida as expectativas de inflação no médio prazo».
O presidente do BCE afirmou ainda que, actualmente, o banco central da Zona Euro está concentrado «no impacto das suas decisões anteriores».
Desde Outubro o BCE desceu as suas taxas de juro de referência por três vezes, para os actuais 2,5%, mas com a economia da Zona Euro a entrar em recessão, os analistas esperam um novo corte nos juros em 15 de Janeiro.
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