Os investidores tremeram durante todo o dia, com as bolsas a registarem desvalorizações impróprias para cardíacos, na sequência da vitória do Brexit no referendo britânico. O fecho de sessão espelha esse nervosismo e pessimismo decorrentes da incerteza que paira sobre a União Europeia, ainda para mais vindo da segunda maior economia europeia, com um peso de 15% no Produto Interno Bruto do bloco dos 28. Em breve, cairá uma estrela e passarão a ser 27.
Só hoje, em apenas uma sessão, Lisboa perdeu 3,4 mil milhões de euros, ao acusar uma derrapagem de 6,99% no fecho dos mercados, para 4.362,11 pontos. O PSI20 atingiu hoje mínimos de 20 anos. Ou seja, nem quando Portugal pediu ajuda externa e a troika veio para Portugal tinha alcançado tão poucos pontos.
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O setor financeiro, habitualmente o mais penalizado nestas situações, acabou de facto por derrapar, com o BCP a registar o maior tombo do PSI20, acima de 12% para 0,018 euros, depois de ter caido ainda mais durante a sessão, atingindo um novo mínimo histórico de 1,5 cêntimos por ação.
A Associação Portuguesa de Bancos já veio dizer que as instituições financeiras têm planos de contingência para estas situações, mas admite um "ajustamento inevitável" e conta com o BCE.
CTT e EDP também afundaram mais de 10%, para 6,937 euros e 2,635 euros, respetivamente. A Sonae e a NOS idem aspas, mas para 0,734 euros e 5,432 euros.
Tombos entre 3% e quase 13% na EuropaCuriosamente, Londres, capital britânica, foi a praça que menos desvalorizou. Este que é também um dos centros financeiros mais importantes do mundo acabou por cair 2,76%, mas os bancos assistiram a um verdadeiro terramoto: só o Lloyds mergulhou 21% e o Royal Bank of Scotland 18%.
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Já Frankfurt recuou 6,8%, Paris 8,04%, Madrid 12,35% e Milão 12,48% (a maior queda de sempre).
A primeira reação, nas bolsas, coube às praças asiáticas, por causa do fuso horário. Foi aí que o tombo começou, com quedas a rondar os 8%, e se propagou num efeito dominó a nível europeu, mas não só. As praças norte-americanas também acabaram contagiadas, com desvalorizações à volta de 3%.
O pânico é, portanto, à escala mundial. E não só nas bolsas. O euro está em forte depreciação, para 1,11 dólares e a libra, a moeda britânica, também entrou em queda livre para o valor mais baixo dos últimos 30 anos, abaixo dos 1,35 dólares. Isso aconteceu logo ao início da manhã, estando agora no patamar dos 1,36 dólares.
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Os juros da dívida também dispararam.
Depois, nas matérias-primas, o Brent, que é o petróleo que serve de referência para Portugal, perde quase 5% do seu valor, estando a rondar 48 dólares por barril. Também o crude nova-iorquino recua sensivelmente o mesmo mas para 47,80 dólares.
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