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Ministro: «Agora é mais difícil evitar ajuda externa»

Teixeira dos Santos não vê a bancarrota como um risco sério, mas já não é tão peremptório ao afastar um pedido de ajuda externa

O ministro das Finanças admite que é cada vez mais difícil evitar um pedido de resgate internacional. Em entrevista à TVI, Fernando Teixeira dos Santos, que sempre disse que o país resistiria à crise sem ter de estender a mão ao Fundo Monetário Internacional (FMI), diz que já não está tão seguro disso.

«Neste momento não tenho essa confiança», admitiu, explicando que, nos últimos dias, «tudo se agravou», com os sucessivos cortes de ratings, a escalada vertiginosa dos juros da dívida e a relutância acrescida dos mercados em emprestarem dinheiro ao país. «As dificuldades são maiores e tudo é mais difícil», concluiu.

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Ou seja, o pedido de ajuda está mais próximo, resta saber quem deve fazê-lo, já que o Governo considera não ter legitimidade para isso, por ser um Governo de gestão. Para Teixeira dos Santos, a entidade mais indicada é o Presidente da República, Cavaco Silva.

O responsável pelas Finanças do país lembra que «enfrentamos problemas muito delicados desde que a crise internacional começou», mas sublinhou também que «temos vindo a enfrentar essas dificuldades».

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«Eu ficarei na história de Portugal como o ministro das Finanças que mais dificuldades teve de enfrentar no seu mandato», disse.

Portugal terá de ser agora mais criativo para se financiar

Teixeira dos Santos negou que o Governo esteja a tentar evitar o ónus de ficar na história também como o executivo que pediu a ajuda do FMI. «Nunca teria problema em pedir ajuda, se fosse indispensável», argumentou.

Questionado durante quanto mais tempo poderá o Estado resistir, e até quando teria dinheiro, por exemplo, para pagar salários à função pública, o ministro foi evasivo.

«Nos próximos meses teremos de assegurar meios de financiamento para que o país honre os seus compromissos, com todos os mecanismos disponíveis, ou seja, por todos os meios, incluindo as instituições financeiras e o mercado. Teremos que ser mais criativos para assegurar esse financiamento», admitiu.

Risco de bancarrota não é sério

Ou seja, ainda que continue a tentar financiar-se nos mercados, como tem preferido até agora, o Governo terá de procurar outros investidores, dispostos a comprar a nossa dívida, até porque «as condições de mercado deterioraram-se de forma muito significativa».

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Questionado se o país enfrenta o risco de entrar em bancarrota, o ministro disse não acreditar «que o risco seja sério porque há vários mecanismos à disposição dos governos, que podem ser accionados» para assegurar o pagamento da dívida.

Ministro sai de consciência tranquila

No final da entrevista, Teixeira dos Santos disse-se «de consciência tranquila. Ninguém mais do que eu tem consciência das grandes dificuldades com que o país tem vindo a confrontar-se. Vamos ter que continuar a fazer um esforço muito sério», avisou.

Da sua parte, garante: «Dei sempre o meu melhor, tomei as medidas necessárias, não me preocupei com fenómenos de popularidade ou de simpatia. Sou o rosto de quem pediu sacrifícios aos portugueses, e isso não é popular. Eu arco com essa responsabilidade, mas fiz o que o país exigia».

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