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Ajuda à Irlanda: Portugal sob pressão? Economistas dizem que sim

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Braga de Macedo, Nuno Sampayo Ribeiro e Nogueira Leite analisam repercussões que resgate irlandês terá sobre Portugal

[Notícia actualizada às 12h45]

A oficialização do pedido de ajuda financeira para a Irlanda equilibrar as suas contas está a fazer com que os mercados respirem de alívio. Mas alguns economistas dizem que isso não alivia a pressão que recai sob Portugal, visto como a próxima vítima.

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O ex-ministro das Finanças, Braga de Macedo, considera mesmo que o medido de ajuda da Irlanda «aumenta a pressão [sobre Portugal] para mostrar que o problema é diferente e que estão a ser tomadas as medidas para ultrapassar o conjunto de problemas portugueses de baixa poupança pública e privada e baixo crescimento que levaram aos défices externos e públicos actuais que a Irlanda não apresenta», afirmou o economista à agência Lusa.

O «Governo demorou a compreender a natureza da crise», mas já «existem sinais positivos» em relação às medidas orçamentais necessárias para fazer face às dificuldades financeiras. Ainda assim, «é cedo para antecipar os efeitos da conclusão do processo orçamental».

No que toca ao apoio dos fundos europeu e internacional à Irlanda já vai ser diferente da que aconteceu com a Grécia. Braga de Macedo explicou que «para já, o pedido irlandês é contingente e pode ser montado em semanas e não meses, é essa a grande lição do plano grego, que demorou tempo de mais a montar».

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O economista e antigo ministro das Finanças Bagão Félix também considera que Portugal o primeiro da fila de países sob observação.

«Já não somos o segundo, como fomos no caso da Grécia e da Irlanda. Agora somos o primeiro país da fila. Nas próximas semanas a situação vai acalmar, mas depois vão concentrar a atenção em nós».

Estabilidade política em Portugal e levar a cabo a execução orçamental são agora essenciais: «A nossa crise é diferente da da Irlanda e talvez mais complicada. Temos um endividamento muito alto, um potencial de crescimento anémico, factores de maior preocupação da dívida externa. A nossa situação vai depender muito dos próximos meses e de nós».

Desempenho de Portugal nos últimos meses em teste

O economista Nuno Sampayo Ribeiro também defende que há «uma forte probabilidade de que a pressão sobre Portugal aumente».

«O ponto objectivo dos últimos meses tem sido a persistente afirmação da especificidade da situação portuguesa face à da Irlanda, mas aquilo que verificamos é que a Irlanda começou por proceder a um plano de austeridade muito mais significativo». À semelhança de Dublin, também as «autoridades portuguesas negaram sempre a necessidade de medidas de austeridade mais rigorosas».

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Ajuda à Irlanda «não elimina problemas de Portugal»

Já o economista social-democrata António Nogueira Leite considera que o resgate irlandês acalmará no curto prazo a pressão sobre a Zona Euro e sobre a dívida da Irlanda, admitindo «no curtíssimo prazo» uma melhoria também relativamente à dívida portuguesa. Mas nada disso elimina os problemas de Portugal.

«A ajuda a esse país não elimina os nossos problemas e a economia portuguesa e as finanças públicas portuguesas vão novamente estar a ser severamente escrutinadas, a partir do momento em que a situação irlandesa estabilize».

«Resgate dá espaço para Portugal respirar»

Também os economistas contactados pela agência de informação financeira Bloomberg estão em sintonia. Carsten Brzeski, economista do banco holandês ING, acredita que com o resgate da Irlanda vai impedir o contágio a outros países europeus «no curto prazo, mas não no médio prazo».

«O resgate acalma os mercado e dá a outros países espaço para respirar, sobretudo a Portugal».

No entanto, «agora a questão é quem será o próximo», «os mercados vão voltar a sua atenção para a Espanha», aponta outro analista.

É «muito perigoso» dizer que Portugal está salvo

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