O Bloco de Esquerda foi convocado esta segunda-feira para um encontro durante a tarde com as instituições internacionais sobre a ajuda externa a Portugal. Mas decidiu não comparecer por considerar a reunião «inoportuna».
«Não compete aos partidos negociar com a troika. Naturalmente, o Bloco de Esquerda não deixará de assumir toda a responsabilidade pela apresentação de soluções concretas para a crise económica e financeira».
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Assim, «e sendo que é ao Governo e não aos partidos que cabe proceder a essas negociações, o Bloco considera inoportuna esta proposta de reunião», afirma o partido, num comunicado citado pela Lusa.
O Bloco de Esquerda lembra que o Governo assumiu o compromisso de informar os partidos sobre as negociações em curso e, por isso, exige o conhecimento público «das escolhas» do Executivo.
O encontro deveria realizar-se às 17:00, não tendo sido indicada ao partido a constituição da delegação do FMI, UE e BCE, nem tão pouco a agenda detalhada da reunião.
O PCP também já foi contactado pela troika, tendo agendado para as 16:30 uma declaração do seu secretário-geral. Jerónimo de Sousa anunciou no domingo que não negociaria com o FMI.
Da mesm forma, também «Os Verdes» foram contactados pela representante da Comissão Europeia para reunir ainda hoje com a «troika», a propósito desta negociação, mas vão «recusar essa reunião», disse à Lusa a deputada do PEV, Heloísa Apolónia.
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«Quem tem legitimidade para reunir ou negociar com esses senhores é o governo português, que os chamou a Portugal. Os Verdes são absolutamente contra esta entrada, desta dita ajuda externa a Portugal. Nós temos capacidade de seguir um rumo diferente, nós não queremos este rumo, nós não queremos estas negociações», acrescentou.
A deputada do PEV justificou a recusa em participar na negociação com os técnicos que estão a negociar o resgate da dívida soberana portuguesa argumentando que as propostas da troika têm por base o PEC4 (Programa de Estabilidade e Crescimento 4), que vai provocar mais desemprego e mais recessão económica.
«Estas negociações no fundo resultam na aplicação à força do PEC 4, que era um horror de medidas de austeridade e de afundamento do país, perfeitamente assustador», disse, lembrando que o PEV já se opôs a este tipo de soluções quando votou contra o referido documento na Assembleia da República.
«Aquilo que este PEC 4 propunha (e que o FMI e a União Europeia agora estão também a propor) era pura e simplesmente isto: mais recessão e mais desemprego para 2011 e anos subsequentes», concluiu Heloísa Apolónia.
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