O inspector tributário Paulo Jorge Silva, testemunha no julgamento do caso BPN, disse esta quinta-feira, a propósito de uma redenominação de conta de uma sociedade offshore do grupo SLN, que este é o processo mais complexo que já lhe passou pelas mãos.
«É tão complexo que eu nunca tinha visto isto», realçou a testemunha da acusação. Em causa está uma operação feita em Agosto de 2000, que levou a que uma conta bancária que estava em nome da offshore Invesco passasse a ser usada por outra offshore, denominada Venice.
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Estas duas sociedades fazem parte das dezenas de offshores pelo grupo Sociedade Lusa de Negócios (SLN) e que alegadamente serviam para fazer transacções suspeitas entre as empresas do grupo SLN.
Esta declaração do inspector tributário de Braga marcou o recomeço da sessão após o intervalo para almoço, durante a qual o juiz presidente, Luís Ribeiro, agendou as várias sessões que vão decorrer até ao final de Abril.
O juiz presidente combinou ainda com os vários advogados de defesa que já na próxima sessão serão agendadas todas as datas em que decorrerá o julgamento até ao final do ano.
BPN para financiar internacionalização foi «simples sugestão»
O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) reiterou hoje a necessidade de criar uma instituição vocacionada para o financiamento à internacionalização e disse que o BPN foi «uma simples sugestão».
«Eu falei no BPN, é um exemplo, mas pode não ser. As questões de nome são o menos importante, o conceito é que é importante», afirmou à Lusa Basílio Horta, à margem do congresso da Associação das Empresas Familiares, a decorrer em Lisboa.
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O presidente da AICEP defende que é necessário «criar uma entidade que seja especializada no financiamento à internacionalização, sem aumento de custos e de investimentos».
Já na terça-feira Basílio Horta tinha sugerido a transformação do BPN numa «instituição especializada no financiamento e seguro de crédito à internacionalização», que prestasse apoio financeiro às exportações.
Hoje, o responsável disse que o BPN «foi uma simples sugestão», afirmando que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) terá a palavra final.
Se a CGD «entender que o BPN não tem condições, abandone-se a ideia, mas não o conceito».
«Que futuro para o BPN?»
Basílio Horta não deixou de questionar, no entanto, o futuro do banco. «O que vão fazer ao BPN? Vão extinguir? Se não vão extinguir, alguma coisa têm de fazer».
O presidente da CGD, Faria de Oliveira, afirmou na terça-feira à Lusa que «a banca portuguesa corresponde inteiramente às necessidades de apoio às exportações» e desvalorizou a proposta de transformar o BPN numa instituição especializada no financiamento à internacionalização.
As próximas sessões do julgamento vão decorrer a 23 e 24 de Fevereiro, a 10, 16, 17, 21, 28 e 31 de Março, a 01, 04, 07, 08, 11 e 13 de Abril e, após interrupção das férias judiciais da Páscoa, serão retomadas a 26 e 27 do mesmo mês.
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