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Esta crise pode ser (ainda) pior do que a do Lehman

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Nouriel Roubini diz que Zona Euro é uma fonte de risco sistémico

O economista Nouriel Roubini já nos habituou a previsões pessimistas e, mais uma vez, não antecipa nada de bom para a Zona Euro: a crise que a região agora vive pode ser (ainda) pior do que aquela que foi precipitada pelo Lehman Brothers.

Em primeiro lugar, Roubini entende, numa entrevista ao «Emerging Markets», que «não estamos a viver uma recuperação anémica, não estamos num impasse de crescimento. Há já uma contracção na maioria da Zona Euro, nos EUA e também no Reino Unido».

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Depois, «estamos a ficar sem armas políticas ¿ monetárias e orçamentais - para sustentar o sistema financeiro».

Em terceiro lugar, «a Zona Euro é uma fonte de risco sistémico. Se houver uma situação desordenada» da região, ela vai ser «pior do que o Lehman».

Ou seja, já não está em causa uma crise apenas na Grécia, na Irlanda ou em Portugal ¿ os três países que já foram alvo de resgates financeiros internacionais. «O contágio já se espalhou para Itália e Espanha» que, mesmo que façam tudo o que têm de fazer em termos de reformas, «perderam credibilidade nos mercados». E vão demorar «pelo menos um ano a recuperá-la».

Daí que seja necessário um credor de último recurso, alguém que empreste dinheiro, que sustente a dívida soberana, até que a credibilidade seja recuperada e para que os juros cobrados pelos investidores não disparem.

Que alternativas? Há poucas, segundo Roubini, «nenhuma delas viável». Mesmo as euro-obrigações ou eurobonds (emissão conjunta de dívida europeia). É que «vai demorar pelo menos dois anos» até que a ideia ganhe força e seja aprovada por via de um tratado.

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Outra opção é ser «o BCE a fazer o trabalho sujo», diz o economista. Mas, adverte, a instituição, «constitucionalmente, juridicamente, não pode ser um credor sistémico de último recurso para a dívida soberana.

Finalmente, há o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira. A alternativa seria triplicá-lo. Uma missão que se tem revelado «impossível», uma vez que não foi sequer aprovada, ainda, uma extensão deste fundo, quanto mais a sua triplicação.

«A minha preocupação é que o EFSF fique sem dinheiro e aí não vai ser um credor de última instância para sustentar Itália e Espanha». E isso poderá conduzir a um «desmoronamento da Zona Euro com consequências financeiras globais piores do que as provocadas pelo Lehman».

Se fosse Roubini a mandar, o que faria de diferente?

O economista lembrou, nesta entrevista, que recentemente escreveu um artigo com oito pontos, com o intuito de destacar as políticas que, em seu entender, são necessárias para resolver a crise de vez.

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É preciso, assegura, existir muito mais flexibilização monetárie quantitativa, sendo que isso implica uma flexibilização do crédito.

Mais: são necessários estímulos orçamentais de curto prazo nos EUA, Reino Unido, Alemanha, núcleo Zona Euro e Japão. Austeridade é a palavra de ordem na periferia, mas nestes países ela não deve ser aplicada já. Para contrabalançar, são precisos estímulos no curto prazo.

Depois, há que fornecer apoios significativos a Itália e a Espanha para garantir que estes países não descarrilem e há também que reestruturar, de forma ordenada, a dívida dos governos, bancos e famílias insolventes, ao mesmo tempo que deve ser concedido crédito a pequenas e médias empresas e famílias em situação de aperto.

Roubini está também preocupado com o sector financeiro, pedindo uma «forte» recapitalização dos bancos europeus, por via de um programa semelhante ao norte-americano TARP, ou seja, ser o Governo comprar activos tóxicos.

Torna-se crucial também apoiar, por exempatravés do FMI, «os mercados emergentes, fornecendo ajuda monetária e orçamental aos países que vão ficar em apuros».

Finalmente, o profeta da desgraça é a favor de uma saída ordenada dos países da Zona Euro que não irão ter forças para recuperar a competitividade. A Grécia é um deles e Portugal é um alvo potencial.

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